Enter the Dragon

domingo, 17 de junho de 2018

O JOGO DA MORTE – O PROJETO ORIGINAL E VERDADEIRO DE BRUCE LEE – PARTE II



Continuação de O Roteiro Original Após todos os guardas serem eliminados ou incapacitados, a equipe de invasores  prossegue em direção à área externa do pagode. Ao se aproximarem do pagode, a equipe depara-se com uma equipe de 10 karatecas faixas-pretas do estilo Shotokan e seu líder, que já os estavam esperando.  A batalha estava apenas começando.

A equipe de Hai Tien se depara com 10 karatecas na área externa do pagode.
- Imagem do Documentário "Bruce Lee - A Warrior's Journey" de John Little
que mostra as ideias originais de Bruce Lee para The Game of Death.

Bruce Lee coreografando a luta com alguns dublês que fariam parte da guarda
composta de 10 karatecas em frente ao templo do tesouro.

A batalha contra os karatecas se dá início. Hai Tien e seus quatro comandados enfrentam os 10 lutadores de karate Shotokan em campo aberto e os vencem.
Hai Tien ainda elimina o líder dos guardiões da área externa, mestre de karate Shotokan, numa disputa feroz. O sexto invasor, o arrombador e chaveiro, de posse da sua garrafa de whisky, assiste em segurança toda a batalha.

O chaveiro bêbado seria o detalhe cômico na aventura. 
- Imagem do Documentário "Bruce Lee - A Warrior's Journey" de John Little
que mostra as ideias originais de Bruce Lee para The Game of Death.



Em seguida, a equipe de invasores liderada por Hai Tien (Bruce Lee) adentra no que seria o andar térreo que era protegido pelo guardião  do “Portal de Iluminação”, especialista em chutes e mestre em Taekwondo. 

O mestre dos chutes estaria no andar térreo esperando pelos invasores.

O segundo lutador da equipe invasora, o mais emotivo dos cinco, toma a iniciativa e ataca o guardião.  O especialista em chutes vence o lutador da equipe de Tien com certa facilidade, matando-o na luta. Hai Tien toma a frente e enfrenta o guardião em seguida, lhe deixando fora de combate de forma rápida e eficiente.

No primeiro andar estaria um mestre de Praying Mantis (Louva-a-Deus) e Wing Chun Kung Fu

Agora só restam quatro lutadores na equipe invasora. O próximo passo é o primeiro andar guardado pelo guardião do “Templo do Leopardo”, mestre nos estilos Praying Mantis e Wing Chun Kung Fu. O primeiro lutador, o mercenário e prático,  junto com o terceiro, o forte e simplório, atacam o guardião especialista em Kung Fu. O lutador mercenário é derrotado e morto pelo estilo mesclado de Kung Fu do guardião, que em seguida parte para cima do lutador simplório. Hai Tien intervém e entra em combate com o mestre de Praying Mantis e Wing Chun. Tien  passa a explorar as limitações do estilo de luta de seu adversário para derrotá-lo.
Agora a equipe de invasores consiste apenas de 3 lutadores mais o chaveiro bêbado, sendo que havia mais três andares a serem conquistados.

No segundo andar, o lutador simplório é facilmente detido pelo guardião do Templo do Tigre.
Enquanto Tien se ocupava com o guardião do primeiro andar, os dois homens restantes da equipe antecipam ao seu líder e sobem apressadamente a escada invadindo o segundo andar que acessava ao “Templo do Tigre”, guardado por um mestre de eskrima filipina e armas brancas. O terceiro lutador, o simplório, toma a iniciativa com um tronco e parte para cima do guardião que o desarma facilmente usando um bastão de madeira. O forte lutador da equipe de Tien insiste e tenta enfrentá-lo de mãos limpas, mas é derrotado de forma fulminante pelo guardião, deixando o lutador simplório fora de combate utilizando socos e pisões. O quarto lutador, o arrogante campeão asiático, ataca o guardião do segundo andar com um bastão de madeira. Mas é desarmado com facilidade pelo guardião, munido agora de dois bastões vermelhos. 

O lutador arrogante e o lutador simplório não são páreo para o mestre de Eskrima.
Era a vez de Hai Tien mostrar suas habilidades.
Neste momento, Tien acaba de subir a escada de acesso ao segundo andar  e interrompe o ataque do guardião. Tien está de posse de uma vara de bambu (bako chinês) e um nunchaku. Ele solicita ao guardião que o lutador arrogante resgate ao lutador simplório desacordado para que eles possam se enfrentar com liberdade. O guardião permite e assim que Tien entrega o nunchaku ao lutador arrogante, o duelo entre Tien e o guardião do segundo andar se inicia.

"Você sabe, baby, este bambu é mais comprido, mais flexível, e está bem vivo!"

Tien esta de posse do bako chinês e o guardião confiante com seus dois bastões vermelhos. Ao que Tien lhe adverte:
“Você sabe, baby, este bambu é mais comprido, mais flexível, e está bem vivo! E quando a sua dança não acompanhar a velocidade e a ilusão disto aqui, tudo o que posso dizer é que você estará encrencado! Eu estou te dizendo, é difícil fazer um movimento ensaiado se adaptar ao ritmo quebrado. Viu? O movimento ensaiado não tem flexibilidade para se adaptar”

Hai Tien provoca o descontrole emocional do mestre de Eskrima.

Após tantas provocações por parte do invasor, o guardião perde o controle emocional e é desarmando de um dos bastões por Tien. Em seguida, ele apela para um par de nunchaku vermelhos e faz um exibição para Tien que, por sua vez, recebe de seu parceiro simplório o seus nunchaku amarelos. 

Na batalha dos nunchaku, Hai Tien leva a melhor.

Os dois travam uma batalha de nunchaku em seguida, mas Tien continua usando estratégias para descontrolar e tirar a concentração de seu adversário que não conseguia acreditar na incrível habilidade de Tien. Surpreendendo mais uma vez, Tien usa uma combinação de chutes que derruba o guardião exausto. Quando este se ergue novamente, Tien avança golpeando e o estrangula com o nunchaku, numa investida rápida.

Os dois parceiros de Tien também não fazem frente ao guardião do Templo do Dragão
no terceiro andar, que os derrota com um sorriso no rosto.

Enquanto tenta recuperar o fôlego, Tien e seus dois companheiros sobem a escada para o terceiro andar do pagode.  Ao chegar lá, se deparam com o guardião do terceiro andar no “Templo do Dragão” deitado tranquilamente. De imediato o mestre de faixa dourada de Hapkidô se levanta e adverte aos três invasores. O lutador simplório ataca o guardião primeiro, mas é facilmente interceptado. O campeão arrogante intervém também mas não muda em nada a situação desfavorável diante do guardião sorridente. Mesmo num ataque simultâneo, os lutadores simplório e arrogante são facilmente dominados por técnicas de apresamento de mãos, projeções e chutes. Exaustos, os dois passam a vez para Tien. Tien tenta reconhecer o estilo do adversário enquanto finta, ataca e se defende. 

O lutador simplório é convencido a subir para o quarto andar enquanto
Hai Tien se ocupa do mestre de Hapkidô. Mas logo é atirado lá de cima,
já morto. 

Neste ínterim, o lutador simplório acha uma brecha e sobe para o quarto andar incentivado pelo lutador arrogante. Em menos de um minuto ele é atirado de cima do quarto andar, caindo já morto. Ao se distrair como o corpo sem vida do lutador simplório, Tien se desconcentra e é pego pelo guardião que o projeta ao chão seguidas vezes em suas vãs tentativas de ataque. 

O lutador arrogante resolve encarar o desconhecido no quarto andar e
é surpreendido pela bizarra figura que o aguardava.

Com a escada livre, o lutador arrogante sobe às pressas para o quarto andar. Enquanto isso, Tien passa reconhecer o estilo do mestre de Hapkidô, e passa prever seus movimentos, passando a quebrar o seu ritmo e por fim derrotá-lo, projetando-o contra seu joelho e partindo-lhe a coluna. Entretanto, Tien ouve os gritos de pavor do lutador arrogante que acaba por conhecer, da pior forma, seu inimigo do quarto andar.  Após suas investidas de ataque serem anuladas facilmente pelo guardião do quarto andar, o lutador arrogante tentar escapar para o quinto andar aonde estava o tesouro. 

Apavorado, o lutador arrogante grita por Tien enquanto este deixa o guardião
do terceiro andar fora de combate. Mas a morte do atual campeão asiático
é eminente.

Mas mesmo no alto da escada é surpreendido pelo gigantesco guardião que o puxa para baixo num salto e acaba por eliminá-lo. Agora, da equipe de invasores, só restam a Hai Tien e o chaveiro bêbado que espera o chamado de Tien na entrada do pagode.
Hai Tien sobe às pressas a escada para o quarto andar, que o levaria ao “Templo do Desconhecido”. Ao chegar lá, quase é atingido pelo corpo sem vida do lutador arrogante que é lançado diante dele.  O guardião com mais de 2 metros de altura senta-se em sua cadeira de balanço olhando fixamente através de seus óculos escuros para um Tien incrédulo. O estilo do guardião do quarto andar era desconhecido ou não definido. Mas certamente ele estava diante de quem o seu ex-aluno enlouquecido dizia ter “incrível poder e agilidade”.  

Hai Tien se depara com o gigante guardião do Templo do Desconhecido e é
surpreendido de cara.

Ao tentar se aproximar para atacar, Tien recebe um potente chute no peito do guardião misterioso ainda sentado.  A seguir trava-se um feroz e estratégico combate entre “Davi” e “Golias”. Tien usa todas as opções possíveis e  não ortodoxas de briga de rua, como pisão, cabeçada, chutes baixos, ataques à virilha e chaves de perna contra o guardião gigante. Todas as tentativas de Tien não surtem o efeito desejado até que o guardião o lança contra as janelas do templo. As pequenas janelas revestidas de papel são rompidas com o impacto dos braços de Tien, a luz solar penetra no aposento e cega momentaneamente o gigante que parece sofrer de fotofobia. Ao perceber sua fraqueza, Tien perfura mais algumas janelas permitindo mais entrada de luz solar e ataca intensamente o guardião misterioso. 

Tien usa todos os recursos possíveis para superar o gigante. Golpes baixos, pisão
e cabeçada. Até que descobre que a luz incomodava o guardião do quarto andar.

Num salto espetacular, Hai Tien chuta o rosto do guardião gigante
tirando-lhe os óculos protetores. Os olhos do guardião são revelados como
se fossem de lagarto e não humanos.

Num salto espetacular, Tien chuta-lhe o rosto tirando-lhe os óculos protetores, deixando-o ainda mais fragilizado. O que é revelado então é assustador, os olhos do gigante não eram humanos, pareciam olhos de réptil. Talvez ele não fosse totalmente humano. Ferido e exausto, o gigante não cede o acesso ao quinto andar. Tien ainda solicita ao guardião que encerrasse a luta e que o permitisse subir a escada. Com a resposta negativa Tien ataca definitivamente gigante levando-o ao chão e consegue assim estrangulá-lo até a morte.  

Percebendo a fragilidade do guardião do quarto andar, Tien pede para subir ao
quinto andar. O gigante se recusa a ceder, então Tien é obrigado a eliminá-lo.

Concluída sua missão, Tien avisa aos mafiosos que poderiam subir para
resgatar o tesouro.

Levantando quase sem forças, debaixo do corpo do guardião gigante, Tien, vai até as janelas do quarto andar e avisa que estava feito. O Chaveiro esperava o chamado para subir para abrir as trancas que guardavam o tesouro no quinto andar, acima do “Templo do Desconhecido”. Os homens da máfia já estavam na área externa do pagode esperando seu aviso. Eles gritam a Tien que seu serviço estava concluído e que ele deveria descer.

Os mafiosos estavam à espera de Tien para liquidá-lo na área externa do templo.
Mas não contavam que o amigo ocidental de Tien aparecesse armado para evitar a emboscada.

Tien desce as escadas, mas os homens da máfia o estavam esperando para matá-lo à tiros na área externa do pagode. Mas surge de forma inesperada o mentor e amigo de Tien, um perito em armas de fogo de origem ocidental e ex-combatente da Guerra da Coréia que teria vindo em seu auxílio, liquidando com todos os gangsters que estavam de emboscada.
Mas e o tesouro? Hai Tien reúne forças e sobe com arrombador ao quinto andar para abrir as fechaduras que o guardavam. Uma vez lá, Tien segura e firma a mão do arrombador embriagado para ajudá-lo  a destravar a porta que dava acesso à sala do quinto andar que supostamente escondia o tesouro. Ao abrirem a porta se depararam com uma cortina suspensa no centro da sala. Certamente o objetivo de sua jornada estaria por trás daquela cortina. O chaveiro se detém na porta e Tien se aproxima com cautela. Mas ao abrir a cortina para os lados, Hai Tien vê, surpreso, o próprio reflexo num grande espelho* à sua frente. E a grande descoberta se faz; o verdadeiro e valioso tesouro a conquistar está no interior de cada um, na capacidade individual de superação, adaptabilidade e autocontrole nas situações adversas e conflituosas que normalmente tendem a gerar o caos e a desordem mental em um indivíduo despreparado, mas que não atingem àquele que alcança o estado de “não mente”, de desapego e de negação do próprio eu.

(*)Obs.: O reflexo do buscador (Cord) no espelho seria o verdadeiro conteúdo do Livro Sagrado que supostamente guardava toda a sabedoria do mundo, na história escrita por Bruce Lee, James Coburn e Stirling Shilliphant para o filme “A Flauta Silenciosa”, que teve uma versão sofrível em 1978, com David Carradine encarnando os personagens que seriam originariamente interpretados por Bruce Lee. 
A incrível revelação sobre o tesouro: Surpreendido, Tien vê sua imagem refletida
num único espelho guardado no quinto andar. Sua capacidade de se adaptar às
circunstâncias e sua perseverança fizeram dele o próprio tesouro. 

Essa revelação, verdade ou iluminação oculta no quinto andar do pagode só poderia ser alcançada por um lutador de livre expressão, desapegado às regras e tradições das escolas sistemáticas.
Ao descer novamente para a entrada do pagode, Tien, exausto, se depara com um sobrevivente dos 10 karatecas que tentaram interceptar sua equipe. Tien o espanta apenas com um olhar ameaçador. O ex-campeão mantendo o senso de humor, ainda pergunta ironicamente ao amigo pistoleiro e salvador: “Agora posso me lavar e trocar de roupas?”
O chaveiro bêbado que durante todo tempo foi um observador para os mafiosos, foi poupado e deixado em liberdade. Na sequência, a casa do chefão é invadida pela polícia coreana e os irmãos de Tien são libertados. Recuperados da aventura inesperada, os três retornam ao aeroporto de Seul, onde pegam outro voo e se vão, sãos e salvos, da Coréia do Sul.
É o fim!

The game is over, baby!

Nota: Esse roteiro seria o que mais se aproxima da história original, segundo alguns envolvidos no projeto do filme e que cederam tais informações à pesquisadores e estudiosos sobre a vida do Pequeno Dragão, como os historiadores George Tan e Dan Tadman. Este post foi baseado também em relatos e depoimentos dos atores (e ou lutadores) Tony Liu, Carter Wong, Chieh Yuan, Whang In Sik, Sammo Hung, Li Kun, Robert Chan e George Lazenby; os amigos (e alunos ou mestres) Taky Kimura, Wong Shun Leung, Kareen Abdul Jabbar, Danny Inosanto, Bob Baker e Unicorn Chan; e o diretor Ricky Chik. É bom frisar que o próprio Bruce Lee ainda tinha muitas dúvidas sobre o roteiro e seu final, principalmente sobre a questão do tesouro e do espelho. Quando foi filmar Enter the Dragon ele se sentiu aliviado, já que só retornaria para The Game of Death, seis meses depois.

Em O JOGO DA MORTE – O PROJETO ORIGINAL E VERDADEIRO DE BRUCE LEE – Parte III, citarei os atores e lutadores que foram escalados e que não chegaram a atuar no filme e os que concluíram parte de suas participações.

Por Eumário J. Teixeira.

4 comentários:

  1. Este seu post sobre Game of Death está sendo tão eletrizante devido ao clima de suspense a cada narrativa quanto seria o próprio filme, caso Bruce Lee tivesse podido terminá-lo da forma como o concebeu.

    O trecho final do filme, após as espetaculares cenas de combate (que felizmente foram previamente gravadas por Bruce) realmente surpreende.
    Depararmo-nos então com o misterioso e terrível lutador gigante (nas suas perfeitas palavras: aquela "bizarra figura"), é algo que surpreende qualquer um.
    E além do fato do gigante ser fotofóbico (seu único ponto fraco), o mesmo se revela como um ser sobrehumano, reptiliano, a serviço de forças cujos propósitos transcendem à nossa compreensão comum.

    A proposta do filme pode parecer irreal ou fantasiosa demais em certos aspectos quando consideramos que cada um do seleto grupo de Guardiões manter-se-ia em vigilância constante para impedir o acesso aos níveis superiores do pagode que abriga o valioso tesouro desconhecido. Mas esse aspecto perde totalmente o seu caráter reducionista ao considerarmos que muitas coisas em nossa própria realidade cotidiana fazem menos sentido ainda. Afinal, que sentido há, por exemplo, em às vezes se parar um país inteiro e entrar em comoção por causa de um reles jogo de futebol ?

    Portanto, o roteiro original de Game of Death, em minha opinião, é muito mais relevante do que possa parecer ou fazer-nos supor eventuais críticas que procurem focar em características bastante relativas.
    Prova disto é o final ainda mais surpreendente, quando o protagonista, Hai Tien, descobre a si mesmo como sendo o verdadeiro tesouro, após superar todos os percalços do caminho envolvido nessa busca. Uma busca que, na verdade, representa a superação das nossas limitações quando nos dedicamos a nos elevar em todos os aspectos.
    E se analisarmos bem a obra original, sua trama e a mensagem que nos transmite, veremos que se trata de fato de um filmaço, que consegue ir muito além dos aspectos inusitados e das cenas de ação que nos proporciona.

    É isso aí, amigo Eumário.
    Novamente, parabéns por mais um excelente material que você nos trouxe do Pequeno Dragão.
    Ansiosamente no aguardo para a parte III.

    Abraço.

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    1. Muito obrigado pelo comentário, Antonio Jorge. Você não imagina como eu estava receoso com esse post, que tentei deixar o mais enxuto e direto possível, pois estava querendo fazer o resgate do verdadeiro roteiro de The Game of Death para uma sincera homenagem à memória de Bruce Lee, que muitos ainda consideram apenas como mais um dos principais lutadores de "filmes de Kung Fu" que já existiu. Mas sabemos que ele estava muito além disso. Este roteiro original de G.O.D. já demonstrava toda sua genialidade criativa para escrever, dirigir e coreografar aquelas cenas magníficas de luta, uma idéia que estava longe daquela versão caça-níqueis de 1978, que deixou muito a desejar e adulterou completamente o roteiro idealizado por Lee. Eu sou suspeito em dizer, mas Bruce Lee até hoje é insuperável em tudo o que fez no gênero. Todos os seus seguidores ou estrelas de filmes de artes marciais viveram muito mais tempo que Lee, em sua maioria, e o tiveram inicialmente como referência para realizarem seus projetos (muitos chegaram a fazer mais de 20 filmes) e nenhum deles, com todos esses recursos tecnológicos e dos milhões de dólares de hoje, demonstrou alguma coisa próxima da capacidade de realização de Bruce Lee. Estou falando de figurinhas como Tony Jaa, Donnie Yen, Jackie Chan, Jet Li, Sammo Hung, Sonny Chiba, Chuck Norris, Steve Seagal, Jim Kelly, Joe Lewis, etc. Pelo contrário, muitos até copiavam seus trejeitos e ideias. E veja, que dos quatro filmes que Lee realizou, apenas em O Voo do Dragão, ele pode demonstrar um pouco do que era capaz de fazer sozinho, sem interferências de produtores gananciosos e diretores fanfarrões. Em Operação Dragão Lee pôde dar alguns palpites nos diálogos com tons filosóficos e ainda dirigiu as cenas de luta. Na Fúria do Dragão já pode coreografar suas principais cenas de luta da forma que melhor lhe agradasse e foi só. Em The Game of Death, aí sim, seria sua realização pessoal, seria o resumo de tudo em que acreditava, conquistado e desenvolvido em tão pouco tempo de vida. Ele exporia toda a sua filosofia de vida ou Jeet Kune Do, em uma obra definitiva que definiria o verdadeiro caminho das artes marciais. À vezes me pego pensando o quanto ele poderia ter realizado se ainda estivesse vivo, seja escrevendo, produzindo ou coreografando. Chegaria o dia que ele não poderia mais atuar como um ator e artista marcial, vencido pelo peso da idade, mas isso não o impediria de criar, pelo contrário, ele compensaria a ausência do vigor físico com a sua infinita capacidade de criação. Mas Deus não quis que assim fosse. E pensar que aquelas espetaculares cenas de luta que ele deixou filmadas de O Jogo Da Morte, poderiam não ser as definitivas. Ele ainda filmaria muito mais e melhor. O que posso fazer, então, é tentar honrar a sua obra, mesmo que inacabada. Nem que perca algumas horas por dia diante da tela ("queimando a vista") garimpando textos, brigando com as traduções, buscando referências e confirmações, revendo e revisando, selecionando fotos, etc. Mas com este seu comentário fiquei mais aliviado, Muito obrigado, mesmo. Sempre tentarei fazer o melhor ao meu alcance. Abraços e "Walk On".
      Obs.: Sobre "coisas sem sentido", tenho a dizer que vejo a maioria da população brasileira realmente doutrinada, alienada e acomodada em berço esplêndido. Estamos vendo o país ser arrastado para o abismo por essa máfia de políticos e empresários corruptos que dominaram as nossas instituições e que saqueiam o país. Mas o povo, em sua grande maioria, continua sem reação, inerte e perdendo seu precioso tempo com uma "seleção de mercenários" milionários que vive na Europa. Quando a "bomba" estourar, será tarde demais, e sem futuro assegurado para nossos filhos e netos.

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  2. Parabens pelas pesquisas. Segue novo livro bio: https://revistamonet.globo.com/Noticias/noticia/2018/06/bruce-lee-morreu-aos-32-anos-em-consequencia-de-um-choque-termico-revela-novo-livro.html

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  3. Olá, Anderson. Obrigado pelo comentário e aprovação do meu trabalho. Eu li esse artigo que cogita o "choque térmico" como a provável causa da morte de Lee. Mas ainda são meras especulações. Essa história de Bruce ter feito cirurgia para a retirada de suas glândulas sudoríparas das axilas é antiga, se realmente ocorreu pode ter sido uma das causas que poderiam ter minado a sua saúde. O choque térmico pode causar colapsos, desmaios, mas em ambientes que sofrem uma brusca mudança de temperatura. Mas e quantos às terríveis dores de cabeça que Lee sofria nos últimos meses de vida, como ocorreu na sua morte no apartamento de Betty Ting Pei, que deveria estar refrigerado? Pelos testemunhos de quem estava com ele na cabine de dublagem dos estúdios da Golden Harvest e dias depois no apartamento da atriz, não parecia ser apenas uma questão de choque térmico e não sei se em decorrência poderia ter causado o inchaço no cérebro. Matthew Polly lançou o livro "Bruce Lee: A Life!" baseando-se numa simples suspeita. Mas um dia saberemos a verdade. Obrigado pela dica.

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