Enter the Dragon

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

JAMES YIMM LEE, O MENTOR E AMIGO SUBESTIMADO DE BRUCE LEE


Alguns homens parecem ter uma missão em vida que é abrir o caminho para outros que chegarão e brilharão em seu lugar. Eles geralmente têm a consciência de que aquele que está por vir os representará de alguma forma, já que por circunstâncias diversas e alheias à sua vontade, eles mesmos não mais teriam a oportunidade de alcançar o objetivo pessoal traçado. Mas ao contrário de se sentirem derrotados ou enciumados, eles acolhem, protegem, direcionam e acompanham aquele que chegou para brilhar em seu lugar, porque sabem que de alguma forma eles serão representados e lembrados através do sucesso daquele a quem foi destinado à vitória e ao estrelato. Creio que esse meu pensamento, se aplica à James Yimm Lee e ao surgimento do “rei do Kung Fu”, Bruce Lee, para o mundo das artes marciais.
Bruce Lee quando chegou aos Estados Unidos por volta de 1959 para exercer sua cidadania americana cativou instantaneamente muitas amizades que foram muito auxiliadoras e produtivas para o seu desenvolvimento como artista marcial e adaptação na terra do Tio Sam. Alguns não foram tão lembrados com seus essenciais colaboradores por sua discrição, como Jesse Glover e Howard Williams (ambos negros); James DeMille, que faz parte da primeira turma do Jung Fan Gung Fu; Taky Kimura, considerado um guardião dos ensinamentos e da memória de Bruce Lee; Daniel Lee, Ted Wong e Richard Bustillo, que tiveram uma boa projeção após a morte de Bruce; Dan Inosanto que dentre eles, foi o que mais foi reconhecido pelo grande público; outros quase desconhecidos como Bob Baker e alguns que ainda tentam manter o legado do Jeet Kune Do vivo e gozaram de certo reconhecimento como Jerry Poteet, Ed Hart, Herb Jackson, Bob Bremer e Tim Tackett.

Bruce Lee e parte da turma do terceiro Jun Fan Gung Fu Institute, em Los Angeles, por volta de 1967.
Nesta sede sem placa de identificação, ocorreria a transição do "método" Jun Fan Gung Fu para Jeet Kune Do. 
Mas dentre eles, um foi o mais importante para o surgimento Bruce Lee como artista marcial nos EUA, estou me referindo à James Yimm Lee, responsável direto por introduzir Bruce Lee à comunidade e aos eventos de artes marciais de San Francisco a Oakland. Com certeza, James Lee, foi o mais desprezado dos colaboradores de Bruce Lee, em virtude de sua morte precoce em 1972, ainda que sua vasta experiência em artes marciais diversas, treinamentos físicos específicos, ofícios profissionais peculiares e sua mente inovadora fossem ser o impulso essencial para Bruce Lee abrir sua mente e desenvolver suas ambições como artista marcial libertador e inovador.

A vida de James Yimm Lee é digna de um livro, documentário ou filme.
A vida de James Yimm Lee merecia ser documentada em livro, documentário e filme, porque foi um guerreiro em todos os sentidos. Nasceu e morreu lutando. Sem dúvidas foi um parceiro à altura do mito chamado Bruce Lee. Se Bruce Lee era o dragão, James Lee era o tigre.
A seguir, um breve resumo que foi a vida desse herói quase que desconhecido, mas que merecia mais consideração e respeito à sua memória e trajetória de vida.


James Yimm Lee, o surgimento do Tigre – James, filho de pais chineses, nasceu num lar modesto em 31 de janeiro de 1920, em Oakland, no estado da Califórnia. Desde criança teve a tendência para o esporte e já adolescente praticava ginástica acrobática e halterofilismo. Aos 18 anos já pertencia à equipe de halterofilismo YMCA de Oakland onde ganhou o campeonato da Califórnia na divisão de 60 kg, entre 1938 e 1939. Autodidata em muitas coisas, James Yimm Lee também tinha o dom para o desenho e artes, mas começou sua carreira profissional como soldador civil nos estaleiros da base aeronáutica norte-americana de Pearl Harbour, no Havaí.
Com a saúde de um touro, James passou a treinar judô no Academia Okazaki  e a praticar boxe disputando alguns campeonatos amadores, ainda no Havaí.
Após o bombardeio de Pearl Harbour pelos japoneses, que levou os EUA a entrar na Segunda Grande Guerra, James retornou para Oakland e continuou exercendo seu ofício de soldador. Ao ser convocado pelo exército, foi servir nas Filipinas, onde contraiu malária. Sua condição se tornou gravíssima a ponto de estar desenganado pelos médicos. Mas James resistiu bravamente e se recuperou. Finalmente, em abril de 1946, aos 26 anos de idade, ele foi dispensado do exército e voltando para casa retorna aos treinamentos com pesos tentando readquirir sua forma física ideal. Depois de contrair a malária, ele que normalmente pesava por volta de 72 kg, passou a pesar 52 kg, ou seja acabou por perder 20 kg de peso corporal. Assim o seu principal objetivo passou a ser recuperar sua saúde, sua força e a massa muscular.

T. Y. Wong, mestre de Kung Fu Shaolin do Norte de uma escola tradicional da Chinatown de San Francisco,
foi o primeiro e último mestre de artes marciais clássicas chinesas de James Yimm Lee.
De uma amizade e parceria promissoras, sobreveio uma rivalidade histórica.
A primeira experiência com o Kung Fu chinês – Na segunda metade da década de 1950, James Yimm Lee continua sua busca pelo aprimoramento físico através das artes marciais e acaba se matriculando na escola Sil Lum Gung Fu, no Kin Mon Physical Culture Studio, na Chinatown de São Francisco, que estava sob o comando do veterano mestre T. Y. Wong.

Fascículos do livro de James Yimm Lee que ensinava o condicionamento das mãos para quebramento.

James Lee "rolando as mãos" com o autodidata, Al Novak, que cooperou com James no livro  Modern Kung-Fu Karate: Iron Poison Hand Training.
Lá James treinou por cerca de quatro anos, onde se tornou conhecido por enfatizar a técnica da “mão de ferro” (Iron Hand) fazendo demonstrações públicas quebrando até 10 tijolos com as mãos nuas e que, por incrível que pareça, não eram marcadas ou calejadas, mas segundo os amigos, macias e suaves. Entre 1958 a 1959 ele publicou fascículos do seu livro intitulado “Modern Kung-Fu Karate: Iron Poison Hand Training”, que ensinava o passo a passo para o condicionamento das mãos para o quebramento, pela sua pequena editora. Ainda não satisfeito, ajudou a T. Y. Wong a publicar o primeiro livro em inglês sobre uma arte marcial chinesa: “Kung Fu - Original Sil Lum System”, em 1961.

Primeiro livro em inglês lançado  em 1961 nos Estados Unidos sobre artes marciais chinesas, sob autoria do 
veterano mestre T. Y. Wong em parceria com James Y. Lee, que chegou a posar para as fotos ilustrativas da obra,
 antes do desentendimento entre os dois.
Mas, no mesmo ano, a parceria com T. Y. Wong se desfaz por um desacerto envolvendo alguns dólares. James Yimm Lee afirmaria posteriormente que seria mais do que isso, na verdade ele teria notado que T. Y. Wong estaria reservando algumas técnicas mais sofisticadas do seu Kung Fu para alguns alunos em detrimento de outros. De qualquer forma, o rompimento entre dois gerou uma rivalidade que aceleraria o encontro e uma parceria produtiva com um jovem artista marcial chamado Bruce Lee.

O Tigre encontra o Dragão – Robert, irmão mais velho de James, teria mencionado a ele sobre um tal de Bruce Lee que estava ministrando aulas de cha-cha-cha em Seattle e que ele também seria bom no Kung Fu. Os amigos de James, Wally Jay e Allen Joe, também confirmaram as habilidades de Bruce como artista marcial. Finalmente, em 1962, Bruce e James se encontraram após uma aula de cha-cha-cha. Após conversarem intensamente, ambos perceberam que eles teriam que se encontrar novamente para porem em prática algumas idéias em comum. No final de 1962, James visitaria Bruce novamente em Seattle e chegou a pensar em mudar para lá, mas suas obrigações com a família o impediram.
Em 1964, Bruce e Linda Lee, recém casados, se dispuseram a mudar para Oakland e foram convidados a morar com James Yimm Lee provisoriamente. Assim que se mudaram, a esposa de James falece repentinamente. Bruce e Linda permaneceram na casa ajudando até que as coisas se estabilizassem para James e seus dois filhos pequenos, Karena e Greglon Lee, até que as coisas se estabilizassem. É bom frisar que Bruce deixaria uma vida estável em Seattle, já que tinha seu primeiro “Jun Fan Gung Fu Institute” estabelecido e bem aceito na comunidade chinesa de Chinatown, que agora ficaria com o comando de Taky Kimura. Bruce havia despertado para as idéias inovadoras de James e considerado que o conhecimento e relacionamento deste com os mais diversos artistas marciais do circuito da região de San Francisco a Oakland poderiam lhe favorecer em experiência e lhe dar novas perspectivas.

Casa de James Yimm Lee em Oakland, onde Bruce e Linda Lee (recém casados) também residiram.

O Jovem James Yimm Lee e sua esposa Katherine, que repentinamente faleceria em 1964.

James Y. Lee e seu filho Greglon Lee.
A princípio, James e Bruce abriram o segundo Jun Fan Gung Fu Institute na Broadway, em Oakland, que inicialmente foi muito bem, tendo um retorno financeiro razoável, mas o sucesso não perdurou porque Bruce era seletivo com seus alunos e não se importava com a quantidade de inscritos, mas com a qualidade e dedicação dos alunos. Assim, o retorno acabou por não ser o desejado. O plano B foi acionado, ou seja, usar a ampla garagem da casa de James Yimm Lee como espaço para funcionamento da academia. A casa de James tinha dois níveis; o térreo era tomado por uma grande garagem, que era usado como oficina e sala de treinamento de James; o segundo nível consistia de um pequeno apartamento onde se acomodaram Linda e Bruce; e uma grande sala de estar conjugada que era ocupada por James e seus dois filhos. Durante o dia James trabalhava nos estaleiros como soldador, Bruce administrava a academia e Linda cuidava das tarefas da casa. Era o início de uma grande parceria que foi essencial para o desenvolvimento efetivo das artes marciais em todo o mundo.

James à frente (à direita) e Bruce mais recuado (à esquerda), por volta de 1964
em frente à sede da academia na Broadway, em Oakland. Mais tarde eles mudariam

para a garagem da casa de James Y. Lee.

A turma de Oakland, por volta de 1964, diante da garagem na casa de James Y. Lee, em Oakland.
Mesmo com a mudança de Bruce Lee para Los Angeles em 1966 para assumir o papel de Kato na série de TV “O Besouro Verde (The Green Hornet), James continuaria a ministrar no Jun Fan Gung Fu Institute de Oakland o “método” que, mais tarde, seria conhecido como Jeet Kune Do. Ele tinha o total aval de Bruce Lee que lhe concederia um raro diploma de capacitação que conquistado por poucos discípulos de confiança do Pequeno Dragão.

Certificado do Jun Fan Gung Fu Institute, concedido por Bruce Lee a James Yimm Lee
James Y. Lee segura a tábua  para Bruce Lee efetuar o quebramento com um chute lateral.


Mesmo na ausência de Bruce Lee, o incansável James chegava a conduzir quatro aulas por noite na academia depois de um dia inteiro de trabalho. Segundo testemunhas, James era simples e direto nas instruções, se o aluno perdesse alguma coisa durante o ensinamento, James não voltaria atrás para explicar. Ele exigia máxima atenção e que todos se entregassem duramente às aulas, cobrando respeito mútuo entre si, já que se tratavam de pessoas adultas e maduras.
Todos eram livres para desistir das instruções se quisessem, desde que fosse de comum acordo e não houvesse prejuízo para o aluno ou para a academia. Se o aluno demonstrasse interesse e esforço tinha a atenção e paciência do sifu James, ao contrário era descartado do corpo sem cerimônias.
Desde meados de 1960, James Yimm Lee e seus amigos também sino-americanos, Allen Joe e George Lee, já conheciam o Kung Fu desde a época de T. Y. Wong. Mas os três se desenvolveram efetivamente após conhecerem Bruce Lee e presenciarem a transição do Jun Fan Gung Fu para o Jeet Kune Do. Os três amigos que faziam regularmente a ponte entre Seattle e Oakland para aperfeiçoaram seu Kung Fu, passaram a ser conhecidos como “os Três Mosqueteiros”.

Bruce Lee com os 3 mosqueteiros: George Lee, Allen Joe e James Yimm Lee.
Ainda em 1964, ocorreria o famoso combate entre Bruce Lee e Wong Jack Man, que foi tratado neste blog na postagem anterior. O confronto foi conseqüência da rivalidade alimentada entre o mestre T. Y. Wong da Chinatown de San Francisco e de seu ex-aluno James Yimm Lee; como também resultado das constantes palestras e demonstrações de Bruce Lee pela Chinatwon, nas quais atacava sem piedade os estilos clássicos de Kung Fu, para ele fantasiosos, em comparação à suposta efetividade do Wing Chun. Para registro, cabe lembrar que apenas Linda Lee (grávida de Brandon) e o fiel escudeiro James Yimm Lee presenciaram a luta como testemunhas do lado de Bruce Lee. Após a luta polêmica que teve versões diferentes por parte de ambos os lutadores, Bruce considerou rever seus conceitos sobre artes marciais, avaliando inclusive os pontos negativos do Wing Chun e de seu condicionamento físico insatisfatório que comprometeu seu rendimento, apesar de ter ganho a luta, conforme as testemunhas ao seu favor.

Bruce Lee e James Yimm Lee trocando técnicas de Wing Chun.
O Wing Chun  foi a base para o Jun Fan Gung Fu desenvolvido por Bruce Lee auxiliado por James Lee.



Do Jun Fan Gung Fu originou-se o conceito do Jeet Kune Do.
Após chegar de um árduo dia de trabalho nos estaleiros, James Yimm Lee poderia contar com Bruce Lee lhe esperando para jantar, conversarem um pouco e descerem para a garagem para algumas horas de treino no desenvolvimento do Jun Fan Gung Fu. James tinha uma saúde de dar inveja, quem poderia chegar de um dia inteiro de trabalho e ainda ter disposição para treinar algumas horas a noite com o jovem e impetuoso Bruce Lee?
O amigo Wally Jay comentou certa vez que, naquela época, se alguém quisesse realmente aprender alguma coisa de Jeet Kune Do teria que ser com James Yimm Lee. Bruce com certeza era o dono das idéias e o inovador, mas James era o professor e o organizador. Bruce não tinha tanta paciência para ensinar. O que Bruce lhe passava James aplicava e ensinava aos alunos com responsabilidade e competência.  

A morte precoce e o Legado de James Yimm Lee - Tendo mudado com Linda para Los Angeles e se valendo do sucesso do personagem Kato de “O Besouro Verde”, em 1966, Bruce enxergou a oportunidade de abrir a terceira e última academia. Só que nesta sede não havia placa de identificação ou fachada que a identificasse como um local de treinamento de artes marciais. Os alunos continuavam a ser selecionados criteriosamente, inclusive algumas celebridades como o jogador de basquete Kareen Abdul Jabbar a freqüentavam regularmente. Nessa academia de Los Angeles que o termo Jeet Kune Do (Caminho de Interceptação com os Punhos) passou a ser adotado, foi onde também Bruce desenvolveu uma sólida parceria com Daniel (Dan) Inosanto, que passou a ser o instrutor chefe com o retorno de Bruce Lee para Hong Kong em 1971, para alcançar finalmente o estrelato mundial. 

Classe de 1967 em Los Angeles, nasce finalmente a filosofia do Jeet Kune Do.
Após a onda de sucesso com a série O Besouro Verde, que durou apenas uma temporada de 1966 a 1967, Bruce Lee só experimentou papéis coadjuvantes no cinema (como em Marlowe, em 1968) ou participações em série de TV (como Longstreet, ainda em 1971). Sentindo-se excluído por Hollywood por ser de origem chinesa voltou para Hong Kong em busca de mais experiência e realização profissional para assim se impor à Hollywood.

James Yimm Lee segurando um escudo para treinamento de futebol americano, usando nos treinos para aparar
os poderosos chutes laterais de Bruce Lee, por ocasião de uma visita às gravações de O Besouro Verde, em 1966.
Bruce Lee deixou as suas três academias nos EUA dirigidas por três instrutores de confiança,     que além disso eram também seus melhores amigos: Taky Kimura, em Seattle; Danny Inosanto em Los Angeles e James Yimm Lee, em Oakland.
O Jun Fan Gung Fu Institute de Oakland, coordenado por James Yimm Lee, revelaram alunos capacitados, porém discretos, como Bob Baker (que fez o lutador russo no filme “A Fúria do Dragão - Fists of Fury”, em meados de 1972), Howard Williams e Richard Bustillo.

Outra turma dos treinos em frente a garagem de James Yimm Lee, em Oakland.
O que levou jovem Bruce Lee a apostar na parceria com James Yimm Lee, 20 anos mais velho? O perfil de James diz tudo, ele era nativo de Oakland e conhecido por suas façanhas em lutas de rua na comunidade chinesa e ao mesmo tempo ele já estava em busca de um futuro mais real para as artes marciais, coisa que o jovem Bruce Lee ainda mal contemplava. James já publicava seus livros, criava seus próprios equipamentos de treinamentos graças ao seu talento para desenho, projetos e sua habilidade como soldador, o que proporcionava um ambiente moderno e efetivo para o seu salão de treinos.


James usava sua habilidade de soldador para criar aparelhos  específicos para
treinamento encomendados por Bruce Lee

Um "boneco de madeira" sofisticado desenvolvido por James Y. Lee

Fisiculturistas famosos que foram parceiros de treino de James Yimm Lee na década de 1950. Da esquerda
para a direita: Jack La Lanne, Steve Reeves e Tommy Kono.
James já havia antecipado décadas antes de Bruce Lee, a importância do condicionamento físico e muscular através do treinamento com pesos. Ele havia treinado com cultores físicos como Jack La Lanne; Steve Reeves (famoso fisiculturista campeão e intérprete de Hércules nas telas, na década de 1950); e o levantador de pesos, não menos vencedor, Tommy Kono. Allen Joe afirmou que se não fosse por James, Bruce não teria se interessado pelo treinamento sistemático com pesos. E ainda o mais importante, James considerava importante sua experiência como lutador de rua para testar a real eficiência das técnicas aprendidas formalmente em academias de ensinos tradicionais. Além de tudo isso, James tinha em seu círculo de relacionamento artistas marciais inteligentes, com espírito inovador e aberto à novas experiências, como o boxeador e judoca de origem chinesa, Wally Jay; o mestre eclético de Shorinji Kempo, Ralph Castro; o fisiculturista e ex-militar, autodidata no Kung Fu, Al Novak; o boxeador, lutador de Kung Fu e ator, Leo Fong; e o famoso e também inquieto faixa preta de Shorinji Kempo, considerado o “pai do Karate dos Eua”, Ed Parker.

Artistas marciais respeitáveis dentro do círculo de amizade de James Yimm Lee,
antes da chegada de Bruce Lee aos Eua. Da esquerda para a direita: Wally Jay,
Ralph Castro, Al Novak, Leo Fong e Ed Parker.
Foi James que apresentou Bruce à Parker, que na época estava organizando o Campeonato de Karate de Long Beach, na Califórnia. Ed Parker confiou na recomendação de James para convidar a Bruce para fazer a sua famosa e histórica demonstração no torneio que foi filmado e chamou a atenção dos produtores da série televisiva “O Besouro Verde”, que estavam atrás de um ator com traços orientais para representar o personagem de origem japonesa chamado, Kato.

Greglon Lee visitando o túmulo do seu pai, James Y. Lee.
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Greglon Lee (à esquerda) e amigo, visitando o túmulo do seu pai.



Túmulo de James Yimm Lee.
Como observou Greglon Lee, décadas depois da morte de seu pai, James Yimm Lee: “Bruce era esperto. Quando ele estava com seus vinte e poucos anos, ele procurou encostar nos caras com seus quarenta anos, para que ele pudesse ganhar mais experiência e conhecimento”.
No segundo semestre de 1972, Bruce Lee filmava seu terceiro filme, O Vôo do Dragão (The Way of the Dragon), quando ficou sabendo das dificuldades financeiras e do câncer nos pulmões contraído por James Yimm Lee, em conseqüência dos gases exalados durante boa parte de sua vida trabalhando como soldador nos estaleiros.

Bruce Lee e James Yimm Lee, por volta de 1970,  produzindo o material para o livro Wing Chun Kung Fu.

O livro "Wing Chun Kung Fu - Chinese Art of Self-Defense" lançado em 1972, sob a autoria de James Yimm Lee.
Neste mesmo ano Bruce autorizaria à James a lançar um material arquivado que ambos haviam produzido anteriormente, lançando-o como um livro intitulado, “Wing Chun Kung Fu – Chinese Art of Self Defense”. Bruce transferiu todos os direitos da obra para o amigo como uma forma de ajudá-lo. Mas infelizmente James faleceria pouco depois, em 30 dezembro de 1972, aos 52 anos, no mês de lançamento do filme, O Vôo do Dragão.  A ironia é que menos de oito meses depois, Bruce Lee morreria também de causas não totalmente esclarecidas, em Hong Kong.


Espero que tenham apreciado esta minha pequena homenagem ao ser humano, pai de família, trabalhador e incansável guerreiro, que sem dúvidas foi decisivo para o norteamento da vida de Bruce Lee ao ponto deste se tornar o artista marcial mais famoso de todos os tempos. Que Deus tenha misericórdia da alma do subestimado e visionário artista marcial, James Yimm Lee.


Por Eumário J. Teixeira