Enter the Dragon

terça-feira, 13 de abril de 2021

BRUCE LEE E O BOXE

                        

Bruce Lee quando chegou aos Estados Unidos, estava por fazer 19 anos no ano de 1959. Quase um anos antes, em setembro, ele tinha participado de mais uma edição do torneio anual e interescolar de Boxe em Hong Kong. Ele não tinha um treinamento adequado de boxe na ocasião e foi inscrito há poucas semanas do início do torneio, por insistência de alguns colegas e do Frei inglês conhecido como “irmão” Edward, da Escola Saint Francisco Xavier, a qual representaria na referida competição. Mas Bruce se sentiu suficientemente seguro para participar, pois já treinava Wing Chun na melhor escola da ilha há mais ou menos quatro anos e ele não costumava fugir de algum desafio.

O jovem Bruce Lee numa disputa intercolegial de Boxe
em Hong Kong no ano  de 1958.

Na foto à esquerda, Gary Elm de calção escuro era o tricampeão do torneio,
mas perde o título para o estreante Bruce Lee, na foto à direita.

Como é do conhecimento da maioria dos fãs do Pequeno Dragão, ele venceu o tricampeão consecutivo, Gary Elm, da Escola King George V, por decisão unânime; ainda que não conseguisse nocauteá-lo, utilizando golpes de boxe mesclados com bloqueios e socos característicos do Wing Chun.

Essa foi a introdução de Bruce Lee no boxe, ao menos é a que foi mais relatada. Desde então Bruce Lee não desprezaria o boxe em algum momento de sua vida, pelo contrário, o seu interesse pela Nobre Arte só viria aumentar.

A Redescoberta do Boxe nos EUA – Ao chegar nos EUA, Bruce não demorou em conquistar novas amizades e adquirir seus primeiros discípulos, muitos dos quais viriam até ele com alguma bagagem de experiência em outros estilos de luta e artes marciais. Destes alunos, Leo Fong e Daniel Lee tinham certa experiência com o boxe. Dan Lee (1930-2015) foi campeão de um Torneio de boxe em Xangai, no ano de 1948, quando tinha 18 anos. Dez anos depois ele fugiria da China com a família antes do terror comunista fechar totalmente as fronteiras para o mundo exterior. Dan Lee e família se refugiaram em Taiwan para depois migrarem para os EUA, em 1953.

Daniel Lee, campeão de Boxe em Xangai, na China em 1948
 e seu professor de JKD, Bruce Lee.

James Lee apresentou Leo Fong à Bruce Lee.

Leo Fong foi um dos incentivaram Bruce Lee a se aprofundar na
prática e no estudo científico do Boxe.

Quando Bruce Lee se mudou para a casa do seu amigo e aluno James Yimm Lee (1920-1972), em 1964, na cidade de Oakland (Califórnia), ele conheceu Leo Fong (nascido em 1928), um amigo de James Lee. Bruce logo percebeu que tinham também muitas ideias em comum e o mesmo interesse pelo boxe. Leo Fong já tinha participado do torneio Luvas de Ouro nos EUA e sido campeão noutra competição de boxe amador.

O Ponto Decisivo para o Retorno ao Boxe – Todo estudioso sério de Bruce Lee conhece sobre sua famosa luta contra o representante do complexo de Escolas de Kung Fu Chinesas de San Francisco (Califórnia), um praticante do estilo Shaolin do Norte, chamado Wong Jack Man. O confronto se deu no final do ano de 1964. Todos sabemos da história oficial que teve testemunhas dos dois lados. Conta-se que Bruce Lee venceu a disputa após longos e exaustivos três minutos. Ambos os lutadores tinham 24 anos de idade. Wong Jack Man não teria oferecido muita resistência e até vergonhosamente dado as costas para a luta, girando e abaixando, mas sendo perseguido implacavelmente por Bruce Lee que o socava na nuca e nos ombros, quando finalmente Wong se desequilibrou e caiu, sendo então forçado a desistir. Bruce chegou a confessar que se Wong não desistisse naquele momento a disputa ainda estaria em aberto, pois já estava sem nenhum fôlego. Mas onde entra o boxe nessa história?

Leo Fong definitivamente impulsionou Bruce Lee para 
um envolvimento mais sério com o Boxe.

A Influência de Leo Fong – Leo Fong, veio da China diretamente para Seattle (EUA) ainda criança com seus pais e irmãos. Começou nas artes marciais na década de 1950, experimentando inicialmente o Judô e Jiu-Jitsu. Na década seguinte partiu para o aprendizado do Choy Lay Fut, Shaolin do Norte, Wrestling, Taekwondo, Wing Chun e Boxe ocidental.  Leo Fong anos mais tarde criou o seu próprio sistema de luta, o Wei Kuen Do (Caminho do Punho Integrado) após Bruce Lee o ter incentivado a se desvincular das escolas tradicionais e procurar o seu próprio caminho.

Fong Conheceu Bruce Lee através de James Lee, como já foi mencionado, e foi justamente na época do confronto deste contra Wong Jack Man. Bruce Lee teria relatado posteriormente os detalhes desta disputa ao amigo recente, Leo Fong, que por motivos de trabalho não pôde estar como testemunha junto a James Lee e a esposa de Bruce (Linda) grávida de Brandon, na época.  

Fong percebeu que Bruce teria adotado contra Wong a postura ereta e tradicional de Wing Chun, avançando em linha reta e desferindo os socos diretos em sequência cobrindo a linha central que impediu uma reação de seu adversário, que supostamente teria um “arsenal” mais variado. Mas, ao mesmo tempo, essa postura de ataque tradicional do Wing Chun não oferecia alternativas de golpes para Bruce atingir em definitivo e com contundência a Wong (que fugia desesperado). Os socos diretos de Lee não foram eficientes. Quando ouviu esse relato, Fong teria dito: “Você deveria ter desferido ganchos e uppercuts, procurando boxear com ele!”

Leo Fong logo apontou os erros de Bruce Lee no confronto
com Wong Jack Man.

Mas outra coisa que ficou clara nesta luta de apenas três minutos, é que Bruce estava sem condicionamento físico adequado, pois se cansou rapidamente. Se Wong estivesse melhor preparado talvez o resultado fosse outro. O que pesou para a vitória de Lee foi a sua obstinação e seu desejo de ganhar a qualquer custo.  

Na reflexão de Bruce Lee sobre as limitações do Wing Chun que, de certa forma, era prático mas limitado, ele concluiu que se sentiu preso e sem condições de adaptabilidade para um confronto real e de circunstâncias imprevisíveis. Além de ter percebido a carência de ritmo, da inexistência do jogo de pernas e de opções para desferir socos de ângulos diferentes, existia a questão física onde a capacidade aeróbica, na época, era tão negligenciada por muitos artistas marciais.

Após a experiência decepcionante com Wong Jack Man, e apesar de
ter ganho a luta, Bruce Lee incorporou de vez o Boxe em sua
prática diária de artes marcais.

Quando apareceu na casa de James Lee pouco depois desse evento, Leo Fong presenciou Bruce Lee socando um saco pesado, desferindo jabs, diretos, ganchos, cruzados e uppercuts. Lee também se sustentava nas pontas dos pés, movendo-se sempre. Fong percebeu que a partir daí Bruce Lee começava a encarar o boxe com mais seriedade e de forma científica, ainda que com liberdade e espontaneidade, inerentes da arte. Bruce se libertou daquela fixação do Wing Chun como uma arte definitiva; agora a ciência do boxe lhe abriu os olhos e lhe deu novas perspectivas.

A nobre arte então passaria a ser um dos principais pilares para a concepção do Jun Fan Gung Fu (mais tarde chamado Jeet Kune Do), além do Wing Chun Kung Fu, da Esgrima Ocidental, Wrestling e do Judô.

Daniel Lee, um dos mais confiáveis e aplicados alunos de
Bruce Lee nos tempos do Jun Fan Gung Fu, pré-Jeet Kune Do.

A Experiência e o Incidente com Daniel Lee – Em 1948 ocorreu o Sétimo Encontro Atlético em Xangai, na China. Jovens a partir de 18 anos, como Dan Lee na época, foram selecionados para competir em diversas modalidades. Dan Lee foi selecionado para as competições de boxe na categoria meio-médios. Ele enfrentou sete adversários de várias partes da China e Filipinas para se consagrar campeão do torneio. Daniel Lee teria começado sua prática no boxe ocidental aos 12 anos de idade.

A primeira vez que Daniel Lee viu Bruce Lee pela primeira vez, foi no Torneio Internacional de Karate de Long Beach, na Califórnia, organizado por Ed Parker em 1964. Bruce Lee efetuou demonstrações apresentando ao público norte-americano alguns conceitos de Kung Fu, demonstrando golpes característicos, fazendo sparring com alguns alunos e demonstrou pela primeira vez o famoso “soco de uma polegada”. Daniel Lee lembra-se de ter ficado impressionado com sua apresentação, principalmente com sua técnica, potência, rapidez e segurança.

Mas Dan Lee só passou a treinar regularmente com Bruce Lee a partir de 1967, quando Bruce se mudou de Seattle para Los Angeles e abriu seu segundo Instituto Jun Fan Gung Fu. Naquela época Daniel Lee já era faixa preta em Kempo Karate e faixa marrom em judô, além ter estudado Tai Chi Chuan por um ano com um mestre chinês. 

Um incidente aconteceu entre o mestre e o discípulo que ainda poucos fãs de Bruce Lee sabem. No final da década de 1960, Bruce Lee já tinha Dan Lee como um aluno regular e amigo de confiança. Certo dia Dan apareceu na casa de Bruce para uma visita informal quando Bruce lhe chamou para mostrar sua nova aquisição.

Daniel Lee cutucou a onça (ou o dragão) com a vara curta...

Bruce tinha acabado de comprar dois pares de luvas de boxe de 16 onças. Bruce então sugeriu que eles testassem as luvas ali mesmo na cozinha. Bruce o convida para calçar as luvas para      trocarem alguns socos, com calma e como “irmãos”. Ambos afastaram as cadeiras de lado e começaram a troca despretensiosa de golpes.

Dan tinha a consciência de que era apenas um sparring de forma leve e sem pegada. Quando Bruce soltou um direto, Dan instintivamente (como nos tempos de competição) se esquiva golpeando simultaneamente e atinge o rosto de Bruce Lee.

Foi uma reação muito rápida e sem intenção, frisou o sorridente Dan Lee em uma entrevista várias décadas depois, quando lembrava do ocorrido. Segundo Dan Lee, a frustração de ter sido surpreendido tomou conta de Bruce Lee que de imediato partiu para cima do amigo com uma saraivada de socos. Quando Dan finalmente foi atingido ele teria gritado para Bruce se afastar.

Ainda recuando Daniel Lee acabou por esbarrar na mesa de costas e numa ação de reflexo baixou os braços para se apoiar, justamente quando veio mais um potente soco no queixo. As coisas se esfriaram logo em seguida.

Daniel Lee, um dos lendários discípulos de Bruce Lee.

No dia seguinte, Daniel Lee conta que estava trabalhando em seu quintal quando sentiu seu queixo travado. Ele teria começado a tremer e sentiu que sua mandíbula tinha caído como se soltasse. Indo ao ortopedista ele constatou que o osso tinha fissurado com o soco dado por Bruce Lee.

Daniel Lee lembrou tempos depois e sem remorso que com a mesma rapidez que Bruce se encolerizava, ele também se acalmava e tudo estaria bem de novo.

Muhammad Ali, sem dúvidas, uma das maiores influências
de Bruce Lee.

As Maiores Influências de Bruce Lee no Boxe – Uma das principais influências de Bruce Lee no boxe profissional, foi sem dúvidas Cassius Marcellus Clay ou Muhammad Ali (1942/2016). Em 1964, mesmo ano em que Bruce Lee lutou e derrotou Wong Jack Man, em Oakland, Ali se tornava campeão mundial de boxe da categoria peso-pesado ao derrotar o poderoso Sonny Liston.

Dan Inosanto, um dos primeiros alunos de Bruce Lee e parceiro fiel de treinos e descobertas na busca pela verdade nas artes marciais, lembrou que Bruce pedia aos seus alunos que prestassem atenção no jogo de pernas de Muhammad ali e sua variedade de golpes.  Bruce Lee copiou o seu footwork, a movimentação de suas “pernas dançantes” ou o suffle de Ali.

Pode se constatar claramente essa influência de Ali com seu jogo de pernas, fintas, jabs e diretos nos filmes O Voo do Dragão (The Way of The Dragon - 1972) e Operação Dragão (Enter the Dragon - 1973) protagonizados por Bruce Lee.

Bruce Costumava assistir as lutas de Ali através do reflexo de um grande espelho, onde a imagem aparecia invertida; pois no Jeet Kune Do, ao contrário do boxe ocidental, a mão predominante ficava à frente para uma interceptação com um direto respondendo ao avanço do oponente.

Um confronto entre Ali e Lee poderia ter ocorrido?

Bruce Lee tinha consciência que seria praticamente
impossível derrotar Ali numa disputa de Boxe.
Quem sabe na luta sem regras as coisas poderiam ser diferentes?!?

Ao contrário do que muito se falou e foi demonstrado maldosamente no filme Era Uma Vez em Hollywood, de Quentin Tarantino, Bruce Lee nunca afirmou que poderia derrotar Muhammad Ali numa luta. A diferença de peso e altura eram consideráveis e o próprio Bruce Lee observou que “suas pequeninas mãos chinesas não teriam chance contra o campeão dos pesos-pesados. Ali media 1,88m e pesava 100kg e Bruce Lee media 1,68m e oscilava entre 58 e 62 kg.

Willie Pep, altamente técnico e elegante, um bailarino
no ringue e, sobretudo, um guerreiro. Outra
influência dentro do boxe para Lee.

Outro boxeador que Bruce Lee admirava era Willie Pep (Guglielmo Papaleo - 1922/2006). Grande campeão norte-americano dos pena das décadas de 1940/50.  Willie Pep, de 1,65m e 57 kg, é um dos maiores boxeadores de todos os tempos e era conhecido por sua rapidez, técnica, garra e sobretudo pelo seu jogo de pernas, pois era um verdadeiro bailarino dos ringues, rivalizando no estilo elegante de boxear com Sugar Ray Robinson e muito antes do surgimento de Muhammad Ali ou Sugar Ray Leonard.

Willie Pep em ação.

Joe Lewis, campeão de Karate (de pontuação) norte-americano e mundial, mais tarde também lutador e campeão de Full Contact e um dos mais famosos alunos de Bruce Lee, conta que Bruce Lee costumava exibir para ele, como ilustração de suas aulas, tapes de lutas com Muhammad Ali e Willie Pep.

Um pioneiro do boxe moderno e um dos campeões mais 
admirados de todos os tempos: Jack Dempsey!

Outra forte influência de Bruce Lee no boxe foi Jack Dempsey (William Harrison Dempsey – 1895/1983). Um dos mais respeitados boxeadores de todos os tempos entre 1919 e 1926, na categoria peso-pesado. Dempsey tinha um estilo agressivo e um poder destruidor nos punhos. Ágil e muito forte, Dempsey usava combinações de golpes que surpreendiam seus adversários, ele deslizava para cima do seu oponente ziguezagueando, abaixando e levantando o corpo usando o seu “roll e drop”, além de constantemente inverter sua postura de destro para canhoto com facilidade durante as lutas, o que confundia seus adversários. Apesar de ser destro, o seu golpe mais temido era o poderoso gancho de esquerda. Uma das suas lutas mais notáveis foi contra o campeão Jess Willard em 1919, um verdadeiro gigante de 1,99m, que não resistiu aos golpes do valente Jack Dempsey com apenas 1,85m.  Willard caiu sete vezes apenas no primeiro assalto e desistiu da luta antes do início do quarto assalto.

Jack Dempsey, à direita, caça o gigante Jess Willard
sem tréguas em 1919.
 

Provavelmente dois livros que Bruce Lee queria autografados
de Dempsey. O da esquerda, um tratado clássico de Boxe; 
o da direita, um manual de Defesa Pessoal do Exército Americano.

Bruce Lee procurou por Jack Dempsey em 1965, através de uma carta, solicitando um dos livros de boxe de seu ídolo autografado e aproveitando para mencionar alguma coisa sobre o Kung Fu chinês, tentando assim chamar a atenção de Dempsey.

Carta enviada por Jack Dempsey à Bruce Lee, em 1965.

Eis a tradução da reposta enviada também por carta à Bruce Lee por Jack Dempsey:

“Caro Sr. Lee:

“Recebi sua carta de 26 de março e li sua interessante descrição da Arte de Combate Chinesa e sua comparação com o Boxe moderno.”

“Lamento não termos nenhum dos livros que você solicitou, mas estou incluindo um Cartão autografado que pode interessá-lo pela imagem de ação contida nele.”

“Conforme você solicitou, também estou enviando um para o seu filho e espero que o agrade.”

“Com todos os bons votos, sou,”

“Sinceramente, Jack Dempsey.”


Jorge Foreman, o grande campeão em meados dos anos de 1970.
Se tornou fã de Bruce Lee após assistir Enter The Dragon.

Boxeadores Campeões que foram inspirados por Bruce Lee – Da mesma forma que Bruce Lee foi influenciado por boxeadores notáveis, o contrário também ocorreu. Alguns boxeadores consagrados do passado e campeões recentes também foram influenciados ou inspirados pela meteórica trajetória do Pequeno Dragão.

Alguns dos muitos boxeadores que assumiram ser fãs incondicionais de Bruce Lee, foram George Foreman, Sugar Ray Leonard, Manny Pacquiao e Mike Tyson.

George Foreman fazendo mais uma vítima.


No livro “Bruce Lee: The Life Of A Legend”, George Foreman (1,92m), medalhista de ouro dos Jogos Olímpicos de 1968 no México e duas vezes campeão mundial de boxe na categoria peso-pesado em 1973 e 1994, deixa o seu depoimento sobre o Pequeno Dragão:

“Bruce Lee era um bom atleta e poderia ter sido um bom boxeador. Ele poderia ter sido qualquer coisa. Em sua categoria de peso, ele teria sido um campeão de boxe. Lembro que estava no Havaí em 1973 e saí na chuva para assistir Enter the Dragon (Operação Dragão). Depois do filme, eu estava sentindo arrepios nas costas! Aliás, eu era o campeão mundial dos pesos pesados, mas só conseguia pensar, uau! Eu estava em choque. Ele deixou todos os espectadores pasmos. Bruce Lee mudou tudo.”

Se Bruce Lee se dedicasse ao Boxe profissional nos anos de 1970,
ele teria que enfrentar feras como Roberto Duran, na sua categoria.

Na primeira metade dos anos de 1970 se Bruce Lee (1,68m e 58-62 kg) tivesse se aventurado na carreira do boxe, ele estaria na categoria de pesos leves de até 62 kg e provavelmente teria que enfrentar lutadores duros como o lendário Roberto “mão de pedra” Durán (1,70m) ou, quem sabe, Sugar Ray Leonard (1,78m). É mole?!?

O grande campeção Sugar Ray Leonard, um fã incondicional
da técnica e filosofia de Bruce Lee.

Falando em Sugar Ray Leonard, ele nunca escondeu sua admiração por Bruce Lee. Em uma palestra ele declarou:

“Bruce Lee era um ícone amado pelo mundo, mas sua influência foi muito maior que apenas o entretenimento. Muitos levaram a sério suas filosofias e se elevaram por causa disso. Bruce Lee foi um dos meus meu ídolos, principalmente pela estabilidade mental, pelo espírito de luta, porque era mais mental do que físico. Era o que ele chamava de ‘conteúdo emocional’. Conteúdo emocional foi o que desenvolvi para enfrentar grandes obstáculos e grandes oponentes como Thomas Hearns, Roberto Duran e Marvin Hagler. Por causa da minha estabilidade mental, consegui vencer esses caras. Sem dúvida, Bruce Lee está relacionado com aquela posição de qualquer forma, porque se trata de ter tudo em sincronia para obter o melhor desempenho.”

Sugar Ray Leonard foi outro bailarino do ringue.
Fazia do Boxe uma arte.

“O estado mental de operação no qual um pessoa executa uma atividade, está totalmente imerso em um sentimento de foco energizado, envolvimento total e prazer no processo da atividade. Em essência, o fluxo é caracterizado pela absorção completa no que se faz e uma perda resultante do senso de espaço e tempo. Tudo isso se conecta e você deve, sua mente, corpo e espirito, tudo deve se conectar para obter os melhores resultados. Bruce foi um exemplo do que se materializou a partir de um trabalho árduo e não havia limites.”

"Bruce Lee era um dos meus ídolos." - Sugar Ray Leonard.

“Não havia barreiras raciais, não havia nada. Ele poderia gerar tanta velocidade em seus socos. Os socos curtos que usou, seu corpo e o tipo de alavanca que ele foi capaz de desenvolver porque ele sabia e entendia da mecânica do corpo.”

Sugar Ray castigando mais um...

“Sua suavidade, quero dizer, ele deslizava. Ele não era metódico. Ele era muito espontâneo em seus movimentos e tudo o que fazia era por um motivo. Ele simplesmente não se movia para apenas ser ‘bonitinho’. Ele se movia por uma razão, para entrar na fila, para ficar em posição de lançar algo, se posicionando. Tudo tinha um motivo. Ele tinha a capacidade de superar qualquer pessoa. Não importa o tamanho, não importa o quão forte, Bruce Lee sempre teve um jeito e ele faria isso com estilo. É Por isso que adoro tudo isso, ele fez isso tudo com estilo”, concluiu Sugar Ray Leonard.

Manny Paquiao copiava Bruce Lee até na aparência.

Outro grande fã declarado de Bruce Lee é o filipino “Manny” Dapidran Pacquiao, campeão em oito categorias diferentes, conquistou no total 11 títulos mundiais no boxe.  O boxeador canhoto, Manny Pacquiao, mede 1,68m e pesa 66 kg.  

Manny Pacquiao tinha na velocidade um dos seus
maiores atributos.

Algum especialista percebeu que durante os treinos Manny Pacquiao estava dando socos e jabs como Bruce Lee fazia. Então ele se aproximou e perguntou a Pacquiao se aquele jeito de jabear e socar semelhante ao estilo de Lee era consciente ou apenas uma coincidência. Pacquiao teria respondido: “Bruce Lee é meu ídolo. Assisti a todos os seus filmes. Você sabe, a rapidez, a velocidade das mãos, o trabalho com os pés. Essa é a velocidade.”

"Bruce Lee é meu ídolo." - Manny Pacquiao.

Até o indomável Mike Tyson se rendeu ao
carisma de Bruce Lee.


Mais um que declarou sua admiração à Bruce Lee foi o demolidor e campeão do pesos- pesados, Mike Tyson (1,81m e 99 kg); que por coincidência e como Bruce Lee, também admirava e copiou muito do estilo de Jack Dempsey. Mike Tyson chegou a participar com vilão do filme Ip Man 3, estrelado por Donnie Yen, que fazia o papel do mestre de Wing Chun de Bruce Lee, o lendário Ip Man, morto em 1972.

Mike Tyson como um temível boxeador em "Ip Man 3".

Mike Tyson também revelou sua admiração por Bruce Lee afirmando que o artista marcial gostava de lutar de verdade. Quando Lee morreu, Tyson ainda era uma criança. Tyson frisou em 2017: “Bruce Lee era um artista marcial, mas Bruce era também um lutador de rua. Ele gostava de lutar de verdade. Isso não é nenhum drama, ele gostava de fazer isso realmente.  Bruce Lee tinha uma filosofia de vida incrível, isso me surpreendeu. Ele era um 'assassino', ele machucaria e faria o máximo de estragos que pudesse e sairia sem se machucar."

Uma cena muito comum nas lutas com Mike Tyson.

Continua Tyson: “É preciso respeitar a filosofia. Essa filosofia final do guerreiro.” E Tyson acrescenta que a vantagem do seu tamanho seria demais para Lee, se os dois se confrontassem: “Se Bruce realmente pudesse me vencer numa luta, eu realmente, hum..., eu realmente acho que o mundo ficaria muito interessante, porque isso não poderia acontecer.”

Bruce Lee considerava a corrida com um exercício completo.

O Condicionamento de Boxer na Rotina de Treinamento de Bruce Lee – Quando Bruce descobriu definitivamente os benefícios do boxe, ele não só incorporou em sua rotina as técnicas de ataque, defesa e jogo de pernas da nobre arte, mas também considerou fortemente o sistema de treinamento dos boxeadores, incluindo elementos do aprimoramento técnico como da preparação física. Ele sabia que um boxeador profissional antes de ser um lutador, é um verdadeiro atleta.

Pular corda dá agilidade e favorece o jogo de pernas...

A Medicine Ball era essencial para um forte abdômen.

O Saco teto-chão era uma adaptação do Puching Ball do Boxe.

As Luvas de Foco para aprimorar a técnica e precisão.

O Saco de Pancada, essencial para desenvolver a pegada.

Sem a prática do Sparring, nada faz sentido no Boxe ou em
qualquer arte marcial que visa o contato.

Desta forma Bruce Lee explorou os benefícios da corrida diária, o trabalho com pesos, o uso de equipamentos característicos para o treinamento do boxeador como o puching ball adaptado para o saco teto-chão, a luva de foco, o saco de pancadas, a corda, a medicine ball e o essencial sparring.

Bruce Lee tinha em seu sistema ou concepção de luta, chamado Jeet Kune Do, o boxe como um dos seus principais fundamentos, sem sombra de dúvidas.

Espero que tenham aprovado essa pesquisa sobre mais uma modalidade de luta preferida pelo Pequeno Dragão.

Walk On!

Por Eumário J. Teixeira.

8 comentários:

  1. excelente post

    tyson no auge era realmente imbatível, parecia de outro mundo. Tiveram que usar um experimento científico para alguém vencê-lo (https://www.youtube.com/watch?v=2vcYtq9QEsk)

    impressionante é Leo Fong q ainda tá vivo. estranho nao ter muitas fotos dele jovem na web

    abs!

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    1. Olá, Scant. Pois é, Lee era valente e obstinado, mas não maluco o suficiente para encarar Mike Tyson no seu auge. Abraço e obrigado pelo comentário.

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    2. E sobre Leo Fong, ele está vivo e bem consciente, ainda que um pouco fragilizado pela idade. Consegui algumas fotos dele ainda jovem. Quem sabe faço em breve um post sobre ele? Bruce tinha proposto que ele fosse um de seus seguidores no Jeet Kune Do, mas Fong preferiu seguir o seu próprio caminho. Ele foi um dos que conviveram com Bruce e acho que foi muito subestimado como pessoa e artista marcial. Abraço.

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    3. "Quem sabe faço em breve um post sobre ele? "
      seria legal

      valeu!

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  2. Nos pegando sempre de surpresa com suas fintas bem aplicadas, eis mais outra matéria peso-pesado em termos de informações, e que é oferecida generosamente a todos os fãs do Pequeno Dragão. Aliás, algo que já virou rotina aqui no "Bruce Lee In Focus", pois, logo após um necessário intervalo para a devida retomada de fôlego, o próximo round de postagens fatalmente leva à nocaute qualquer um que ainda duvide da resistência, e da eficiência, deste grande blog - cujos méritos se devem ao talentoso amigo Eumário.

    E, desta vez, descobrimos Bruce Lee absorto e imerso nas potencialidades da Nobre Arte, a fim de tentar esmiuçar os derradeiros fundamentos e os variados aspectos envolvidos em cada esquiva e em cada golpe que são típicos desse sistema de combate.
    Um sistema simples e direto, e, por isso mesmo, altamente eficiente. Pelo menos, foi o que sempre demonstraram aqueles que tiveram a devida capacidade para assimilar as técnicas do boxe, enquanto, ao mesmo tempo, se projetaram como os seus maiores expoentes - algo verificado pelos feitos do, talvez, maior de todos eles: o inigualável e devastador Mike Tyson.
    E Bruce Lee, que era uma espécie de Einstein das Artes Marciais (como certa vez o definiu um de seus amigos), não poderia deixar de considerar as potencialidades do boxe como parte das suas equações técnicas e filosóficas a respeito do que deveria ser considerado o melhor método de combate.

    Teria sido muito interessante saber o que Bruce Lee poderia ter dito a respeito de Tyson, o maior campeão mundial de boxe de todos os tempos.

    Abraço !

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  3. Olá, Antonio Jorge. Agradeço mais uma vez suas generosas palavras. Bruce Lee realmente enxergava à frente de muitos artistas marciais tradicionalistas e ortodoxos de sua época. Sua visão inovadora lhe abriu os caminhos para experimentos ousados e o tempo provou que ele estava com toda razão. Ele estudou o boxe de forma científica e concluiu que a nobre arte era simples, enxuta e eficiente para o combate homem a homem ou até de um contra dois ou três. Hoje a comunidade marcial reconhece suas idéias revolucionárias, ainda que muitos teimem em não lhe dar os créditos para a evolução dos esportes de combate. Ele era realmente um gênio visionário, um "Einstein" das artes marciais, como você bem citou. Em relação a Mike Tyson, com certeza ficaria curioso e impressionado com o desempenho demolidor desse boxeador e passaria a estudá-lo criteriosamente. Abraço e obrigado pelo comentário, meu amigo.

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  4. Valeu aeee velho, gostei demais saber dessa caminhada do Dragão Bruce.
    O que eu conheci do boxe do Bruce foi no seriado a lenda.
    Sou de julho de 1980, então criança me apaixonei pelo KungFu, e agora ja tiuzinho. A internet ajuda muito a manter e conhecer cada vez mais assuntos interessantes a respeito do Dragão Chinês Bruce Lee. Assim como essa obra, essa pesquisa muito rica ae Sr. Eumario Teixeira. Eu estava procurando a luta de boxe do bruce no torneio da escola em 1958....mas no seriado dizia que o nome do lutador era David...Aqui na sua pesquisa esta como Gary Elm...Pela sua pequisa acredito ser a mesma luta porque o Bruce venceu o tricampeão no torneio da escola, no seriado a Lenda.
    Mas enfim obrigado por escrever, e pequisar sobre o Bruce Lee e de expor esse conteúdo super interessante, dos comentários das Super Estrelas do Boxe Mundial enrriquecendo ainda mais o Talento Indiscutivel do Grande Mestre, Difusor das Artes Marciais Chinesas por todo o Mundo, o Primeiro Cineastra, Redator e Ator.
    Obrigado Grande Mestre Bruce Lee.
    Obrigado Eumári J. Teixeira

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  5. Olá, amigo. Pena que não se identificou. Sim, o nome do lutador que Bruce enfrentou em 1958 era Gary Elms. Muitos personagens na série que realmente se relacionaram de alguma forma com Lee, tiveram seus nomes trocados, acho que por questões de direitos, etc. Elms já era tricampeão do torneio e Bruce Lee o destronou. Continue a explorar o blog, tem muita coisa inédita para conferir. Obrigado pelo comentário e abraço.

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