Enter the Dragon

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

O CÍRCULO DE AMIZADE DE BRUCE LEE – Parte I

 

Bruce Lee tinha um magnetismo pessoal que atraía instantaneamente as pessoas ao seu redor. A sua personalidade e carisma eram contagiantes e naturalmente o fazia agregar muitos admiradores e amigos, como também inimigos invejosos e oportunistas de plantão.

Da mesma forma que colecionava amizades na sua juventude em Hong Kong, o número de inimigos e rivais não era menor, senão superior.

Assim alguns se aproximavam por admiração e respeito; outros porque queriam aprender com ele e talvez até superá-lo; alguns, no entanto, queriam ver até onde ele iria; e certamente tinham aqueles que, sorrateiramente, esperavam o momento de seu declínio e fracasso para apontar seus erros e condená-lo.

Lee Jun-fan, vinha de uma família de classe média tradicional e respeitável em Hong Kong, mas tinha no seu íntimo um espírito rebelde, inquieto e de forte ambição pessoal, uma bagagem especial que fez a diferença quando desembarcou na América no final da década de 1950, empurrado pelos pais para assumir sua cidadania norte-americana.

Era de se esperar que ele diminuísse sua impetuosidade em terras ocidentais que nutria forte preconceito contra asiáticos, pois ele estava aquém dos padrões físicos americanos, pois tinha baixa estatura, era míope, tinha traços asiáticos marcantes e além disso tinha um forte sotaque, apesar de falar razoavelmente bem o inglês britânico.

Mas o jovem imigrante de Hong Kong simplesmente não aceitava tais parâmetros de comparação e, independentemente de sua origem chinesa, ele desejava apenas uma boa chance para mostrar do que era capaz. Ele realmente estava disposto a aprender, como também a ensinar na terra do Tio Sam.

Aos poucos Lee Jun-fan, agora Bruce Lee, se relacionou com a comunidade chinesa estabelecida na Costa Oeste, em seguida foi atraindo a atenção dos nativos americanos provenientes das mais diversas posições sociais; agregando ao seu redor, pessoas de raça, sexo e credos diferentes, graças à sua autossuficiência impressionante, difícil de se ver em alguém tão jovem.

Assim começou a formar grupos de curiosos e seguidores interessados em saber mais sobre suas habilidades nas marciais chinesas as quais o jovem lutador dizia dominar, ainda que a preferência popular, na época, fosse pelos métodos de combate japoneses ou coreanos. Mas Lee tinha um grande trunfo a mostrar, algo que os próprios imigrantes chineses reservados por lá, não se esforçavam por exibir: o Kung Fu chinês, mais precisamente o Wing Chun.

À medida em que se tornava popular e famoso, novos horizontes pareciam surgir para o jovem Bruce Lee; agora eram as celebridades que se aproximavam para conhecer o jovem sino-americano que causava tanto rebuliço.

Como já foi dito, Lee atraia pessoas das mais diversas classes, como também atores, produtores, diretores, roteiristas e artistas marciais renomados que começaram assediá-lo com diversos interesses, alguns de forma sincera e receptiva, outros de forma ardilosa, traiçoeira e também preconceituosa.

Essa dinâmica empolgante, mas de certa forma nociva, se repetiu quando do seu retorno à Hong Kong onde construiu seu estrelado internacional com apenas quatro filmes lançados e um inacabado, de 1971 a 1973.

Alguns nomes conhecidos passaram pela vida de Bruce Lee, seja para o bem ou para o mal; pois alguns certamente contribuíram para o seu progresso pessoal e profissional; outros, no entanto, o empurraram traiçoeiramente para um possível colapso físico e mental.

Mas aos covardes, usurpadores e oportunistas cabe o esquecimento pela história e, ao contrário destes, os ícones, inovadores e revolucionários como Bruce Lee, já estão assegurados na eternidade.

Obs.: A lista dos amigos e pessoas que influenciaram e foram influenciados por Bruce Lee seria gigantesca, muitos ficaram de fora, certamente. Incluindo a maioria de seus alunos diretos de Jeet Kune Do, nos EUA. Mas a relação abaixo dá uma ideia do que o jovem Bruce Lee teve que administrar no seu círculo de amizade até a sua morte prematura e misteriosa aos 32 anos.

O CÍRCULO DE AMIZADE DE BRUCE LEE – Parte I

Os bons amigos maus de Bruce Lee... 

- Bob Baker (18/05/1940 – 14/04/1993) – Robert Baker, norte-americano, de 1,80m, conhecido como um dos mais discretos discípulos de” Jeet Kune Do” selecionados por Bruce Lee da escola de Oakland, Califórnia.

Bob Baker nasceu no estado da Califórnia em 1940, seu início nas artes marciais se deu com o famoso professor havaiano de Kempo, Al Dacascos. Sua experiência seguinte foi na escola de Jeet Kune Do, com Bruce Lee e James Yimm Lee, em Oakland.

Baker também participou do filme “Fist of Fury” (1972), interpretando o personagem Petrov, um lutador russo, aliado aos japoneses, na Xangai sob jugo. A cena de Baker contra Chen (Bruce Lee) é um dos pontos altos do filme.

Bob Baker, amigo, guarda-costas e um suposto atravessador
de coisas ilícitas de Bruce Lee.

Entre 1972 e 1973 Bob Baker aparecia regularmente em Hong Kong agindo como uma espécie de “atravessador” para Bruce Lee.

Confirmando suspeitas antigas, recentemente foi esclarecido o envolvimento de Baker em transações ilícitas graças à exposição das cartas enviadas por Bruce (e até mesmo por Linda) à ele entre 1972 a 1973.

Baker reapareceu ao público na década de 1990, em conferências sobre Bruce Lee, junto a outros ex-discípulos do Pequeno Dragão, como Howard Williams. Baker ao contrário, de boa partes dos discípulos de Bruce Lee, não se aventurou em abrir alguma escola de Jeet Kune Do, após a morte de seu mestre e amigo.

Bob Baker em Fist of Fury (1972) e nos bons tempos da escola de JKD em Oakland.

As cartas vendidas em leilão nos EUA, revelaram que Bruce e Linda supostamente encomendavam vários tipos de drogas alucinógenas ao reservado aluno de JKD, na América.

Baker, além demonstrar muita fidelidade ao seu mestre, exercendo também o papel de guarda-costas de Lee quando estava em Hong Kong, fazia também a função de traficante, seja de drogas ou até mesmo armas de fogo enviadas diretamente pelos correios à Wu Ngan, assessor, guarda-costas e mordomo de Bruce Lee, no endereço da Golden Harvest Productions, em Hong Kong.

As cartas comprometedoras ficaram guardadas por quase 50 anos na casa de Baker e não se sabe por qual motivo ou intenção por parte do ex-aluno de Lee. Até que sua filha resolveu expô-las em leilão 30 anos após a morte do pai, aos 53 anos. E pelo visto acabou tendo algum lucro financeiro com isso, mesmo que custasse um sério dano à imagem do Pequeno Dragão e à sua família. 

Bob Wall (22/08/1939 – 30/01/2022) – Robert Alan Wall com seus 1,88m, norte-americano, nascido em San Joe, California, diz ter conhecido Bruce Lee quando este fazia uma demonstração num teatro do bairro chinês de San Francisco, Califórnia, em meados da década de 1960. Ainda que impressionado, Bob permaneceu desconfiado sobre o real potencial do chinês de apenas 1,68m, passando a acompanhá-lo desde então.

Bob se iniciou nas artes marciais ainda muito jovem, praticando Shorin Ryu Karate, Kyokushin Budokai Karate e Tang Soo Do. No seu círculo de amizade havia figuras carimbadas do “karate profissional” norte-americano como Chuck Norris, Joe Lewis, Mike Stone e o judoka, Gene LeBell.

Wall, como tantos outros, conheceu finalmente a popularidade internacional por ter participado do clássico “Enter the Dragon”, no qual fazia o papel do lutador vilão, O’Hara.

Sua luta contra o personagem de Bruce Lee no filme é clássica e uma das mais revistas pelos fãs do Pequeno Dragão.

Mas Bob Wall foi também o principal agente de um grave incidente durante as filmagens de “Enter the Dragon”, na cena em que segurava duas garrafas de vidro quebradas e teria que avançar contra Lee, que as chutaria de suas mãos.  Eles ensaiaram a cena várias vezes, sem problemas, segundo Wall. Até que na última tomada, Bob avança contra Lee, mas não larga as garrafas ao ser chutado no tempo certo e uma das garrafas atinge o punho direito de Lee causando um corte profundo.

Bob Wall nunca assumiu seu erro na cena com as garrafas quebradas,
no qual cortou seriamente o punho direito de Bruce lee.

As filmagens imediatamente foram interrompidas e rapidamente levaram Lee ao hospital mais próximo para conter a hemorragia e suturar o corte.

Os boatos que ecoaram pelo set de gravação, diziam que Bob Wall teria feito de propósito e que Bruce Lee irado, tinha prometido matá-lo. O que foi esclarecido posteriormente e ambos demonstraram publicamente que não havia desentendimento entre os dois.

Bob Wall diz ter presenciado a luta rápida entre Bruce Lee e um figurante provocador durante intervalo de gravação de “Enter the Dragon”. O figurante gritava desafiando Bruce Lee enquanto desdenhava também do Jeet Kune Do. De acordo com Bob Wall, Bruce teria derrotado um jovem mais alto e mais forte com certa facilidade e ainda “brincou” com o desafiante imobilizado contra a parede, tirando sangue de sua boca.

Bob Wall também participou do filme “The Way of the Dragon” (1972), um ano antes, no qual fez o papel de um dos caratecas americanos contratados para matar Tang Lung (Bruce Lee), em Roma. Bob se auto convidou para participar do filme ao saber que seu parceiro Chuck Norris tinha sido convocado por Lee. Ao perceber que Wall teria embarcado sem avisar, Lee foi obrigado a lhe dar um ponta no filme. A luta entre os dois, coreografada pelo próprio Bruce Lee, é rápida, mas muito interessante. Apesar de Lee não dar nenhuma chance para o personagem de Wall.

Bob Wall continuou explorando suas participações nos filmes de Bruce Lee até a sua morte. Era comum vê-lo se apresentar em conferências e shows revivals usando uma réplica do kimono (ou karate gi) que usou em “Enter The Dragon” e com uma cicatriz mal pintada seu rosto, relembrando o personagem O’Hara.

Bob Wall, mais velho,  ainda explorando  o sucesso de Enter the Dragon
em umas das muitas conferências que participou
com a cicatriz mal pintada do personagem O'Hara.

Foi exposto que ele teria vendido caro o seu uniforme usando em “Enter the Dragon”, como se fosse o original, para várias pessoas.

Bob Wall participou também de “The Game of Death” (1978), uma colagem de mal gosto das cenas filmadas e ensaios feitos por Bruce Lee para o projeto de mesmo título, com cenas de filmes anteriores e até imagens reais de seu velório. A cena de Luta no ringue entre Bob Wall e Sammo Hung é patética. E há a luta seguinte na qual Bob enfrenta um sósia sul coreano de Bruce Lee, chamado Kim Tai Chung, na cena do vestiário.

O "Bruce Lee" coreano, ou Kim Tai Chung, que acabou com Bob Wall
no vestiário, no mal acabado The Game of Death (1978).

Bob Wall tinha uma fama entre seus amigos caratecas de ser falastrão e mentiroso, após décadas da morte do Pequeno Dragão e como muitos outros que se aproximaram de Lee, às vezes soltava alguma nota depreciativa contra ele de forma aleatória como, por exemplo, chegou a declarar o fato de Bruce Lee ser um péssimo e perigoso motorista e que tinha passado aperto com ele na direção de seu carro, em Hong Kong. Wall costumava repetir também que Bruce Lee, próximo dos últimos dias, estava visivelmente mais magro e costumava repetir as mesmas conversas seguidamente.

Num vídeo bastante polêmico no início da década de 2.000, Bob Wall mostra algumas fotos dos bastidores de “Enter the Dragon” onde, segundo ele, fazia uma espécie de sparring com Bruce Lee durante o intervalo das filmagens. Segundo Wall, era uma luta de certa forma séria entre os dois e ele sentiu que “poderia derrotar a lenda” naquela disputa. Além disso, pelas poucas fotos mostradas a Lewis, fez críticas ao posicionamento dos pés e mãos de Bruce Lee durante o sparring caloroso.

Bruce Lee fazendo "sombra" com Bob Wall no intervalo de
Enter the Dragon (1973) e ensaiando alguns chutes. Bob Jurou que a 
luta  foi prá valer...

O que aconteceu na verdade foi uma espécie de aquecimento entre os dois, desferindo chutes um contra o outro para ver a possibilidade de aplicação destes durante as filmagens.

Bob Wall no vídeo em que tenta empurrar suas narrativas para
o aposentado Joe Lewis, que não se mostrou muito crédulto...

De qualquer forma, Joe Lewis parecia não estar muito receptivo para a versão de Bob Wall. E há uma filmagem antiga, onde se vê claramente que Lee e Wall estavam neste momento de descontração e com os figurantes ao redor, testando a penetração e efetividade do chute lateral de Bruce Lee. 

Chuck Norris (10/03/1940 – 84 anos) – Carlos Ray Norris, de 1,74m, norte-americano, nascido em Ryan, na Califórnia, artista marcial, ator e produtor de filmes. Participou de vários campeonatos de karate profissional nos EUA na década de 1960, depois de aprender “Tang Soo Do” coreano enquanto servia na Força Aérea Americana, na Coréia do Sul, em 1958. Tinha como amigos e rivais nas competições de karate esportivo nos EUA, lutadores de escolas e estilos variados como Mike Stone, Louis Delgado, Joe Lewis e seu aluno e grande parceiro, Bob Wall.

Chuck Norris fundou seu próprio estilo de luta, o “Chun Kuk Do”, em 1990.

Norris foi campeão no campeonato nacional promovido pelo mestre coreano de Taekwondo, Henry Cho, em 1967 e 1968.

Bruce Lee entrega a premiação ao campeão mundial de
karate point, Chuck Norris.

Conheceu Bruce Lee ainda em 1968, quando foi campeão mundial num destes campeonatos de karate point, no Madison Square Garden, em New York.

Chuck foi figurante (atuando como um bandido) no filme “The Wrecking Crew” (com Dean Martin, 1968), no qual o próprio Bruce Lee trabalhou especificamente como coreógrafo na cena de luta envolvendo as atrizes Sharon Tate (esposa de Roman Polanski) e Nancy Kwan.

Mas Chuck só conheceu a fama internacional pouco depois da divulgação mundial do filme “The Way of the Dragon” (1972), no qual fazia o papel de um campeão de karate norte-americano contratado por um grupo criminoso para matar Tang Lung (Bruce Lee) em Roma.

Bruce dirige Chuck Norris na luta clássica de 
The Way of the Dragon (1972).

A luta entre Bruce e Chuck é considerada um clássico dos filmes de artes marciais e a melhor coreografada por Bruce Lee, senão a plasticamente mais bonita do gênero até hoje.

O que muitos não sabem é que o papel do carateca americano que enfrentaria o personagem de Bruce Lee seria de outro profissional do ramo, o também campeão Joe Lewis. Com a recusa deste, por saber que seu personagem morreria na luta, Bruce convidou sua segunda opção: Chuck Norris! Este aceitou sem pestanejar. E ele fez bem, pois passou a explorar essa sua elogiada e honrosa participação em “The Way of the Dragon”, depois da repentina morte Bruce Lee, por muito tempo.

Chuck Norris a partir de então, participou de inúmeros filmes do gênero; alguns como vilão (ainda em Hong Kong), mas a maioria como protagonista, chegando a produzir suas próprias “obras”, que na maioria das vezes eram de qualidade duvidosa, já que Chuck nunca foi um bom ator dramático e muito menos diretor e ou produtor e geralmente se cercava de atores e lutadores medíocres como David Carradine (aquele da série “Kung Fu” e do filme “Kill Bill”).

Bruce Lee demonstra sua superioridade técnica na luta 
contra o campeão de karate point, Chuck Norris, no coliseu romano.

Uma polêmica envolvendo Chuck se deu quando este numa entrevista afirmou que teria ensinado Bruce Lee a chutar alto. Segundo, Norris, quando ele e Bruce Lee se conheceram depois do torneio de Karate no qual Norris foi vencedor (em 1968), eles começaram a desenvolver uma amizade e começaram a trocar conhecimentos técnicos. Norris afirmou que Bruce teria treinado com ele por dois anos até voltar para Hong Kong, em 1970.

Segundo Norris, Bruce Lee não acreditava em chutes altos e não sabia aplicá-los com eficiência.

Assim, Norris teria ensinado à Bruce alguns chutes altos do Tang Soo Do coreano. E que convencido de sua plasticidade para as telas, Bruce começou usá-los em seus filmes.

É certo que Bruce Lee já conhecia várias técnicas de chutes altos, diretos, indiretos e circulares, basta ver alguns episódios de “The Green Hornet”, onde Kato abusava dos chutes em salto, em giro e geralmente na cabeça. E além de Norris, que era faixa preta em “Tang Soo Do”, Bruce já conhecia e já era amigo do introdutor do “Taekwondo” nos EUA, o mestre Jhoon Rhee, desde 1964; ou seja, antes de 4 anos antes de conhecer Norris.

Bruce Lee (Kato) distribuindo chutes altos em The Green Hornet e, abaixo,
Bruce Lee com o amigo e parceiro, Jhoon Rhee, introdutor do Taekwondo nos EUA,
 em meados da década de 1960. O Pequeno Dragão não poderia ter
aprendido chutes altos e variados com o mestre Rhee também?!?

Ou seja, Norris ignorou que Bruce Lee poderia ter tido outros “instrutores” de chutes altos tão ou mais capacitados do que ele. Inclusive devia desconhecer os estilos de Kung Fu do Norte da China que visavam mais os chutes acima da cintura, o que Bruce certamente conhecia desde sua juventude em Hong Kong, quando dos desafios clandestinos entre escolas, apesar dele ter focado seu aprendizado no estilo econômico e eficiente do “Wing Chun”, de Ip Man.

Décadas depois, em entrevistas nos programas “Late Night with Conan O’Brian” e “CNBC Interview”, ao ser indagado se em algum momento aconteceu uma luta real entre ele e Bruce Lee, Norris declarou que eles chegaram a treinar juntos, desferindo socos e chutes no saco de areia, trabalharam com pesos, mas nunca lutaram. |Norris fez questão de lembrar que Bruce Lee não era um lutador profissional, mas ele (Chuck) era! (Ficou subentendido aí uma vantagem a seu favor ?!?). Mas observou imediatamente que Lee era bom, muito bom...

Chuck Norris como profissional de Karate point (karate esportivo) e não de contato total, se considerava um verdadeiro lutador. Mas creio que o termo “profissional” cabe mais pelo fato de que os vencedores dessas competições esportivas recebiam premiação em dinheiro; e não por serem lutadores realmente letais, como os lutadores de MMA atuais.

Chuck Norris, décadas após a morte de Lee, numa das muitas entrevistas na TV
 onde insinuava que teria vantagem sobre Bruce Lee numa luta real
 por ser um verdadeiro lutador profissional (de karate point?!?) ...

Chuck ainda acrescentou, de certa forma deselegante, que Bruce Lee nunca tinha lutado num ringue e que havia um diferença entre lutar realmente ou apenas socar e chutar sacos de areia, se referindo aos treinos que compartilhou com Bruce Lee possivelmente em Los Angeles. Ele parecia desconhecer que Bruce Lee participou de lutas contra gangues inimigas e contra lutadores de academias rivais de Kung Fu nas ruas e nos telhados de Hong Kong; fora as lutas (sem regras) já nos primeiros anos nos EUA, contra lutadores de Karate e kung Fu que foram testemunhadas por seus alunos e assessores dos desafiantes.

John Benn (1935/2018), um empresário, empreendedor e ator, que fez o papel do chefe da Máfia em Roma no filme “The Way of the Dragon” (1972), relatou em entrevista que se encontrou com Chuck Norris poucos anos depois no seu bar em Manila, nas Filipinas. E de forma discreta, depois de se aproximar, perguntou a Norris quem realmente seria vencedor caso ocorresse uma luta real entre ele e Bruce Lee.

John Benn afirma que Chuck Norris reconheceu que não poderia
vencer Bruce Lee numa luta prá valer...

Norris na época, não hesitou em dizer que “seria Bruce, é claro. Ninguém poderia vencê-lo.” Com o decorrer do tempo, Chuck Norris reviu sua posição... 

Joe Lewis (07/03/1944 – 31/08/2012) – Joseph Henry Lewis, de 1,83m, 88 kg, nascido em Knightdale, North Carolina, artista marcial inicialmente praticante de Kempo, boxe, Judô, até chegar no Shorin-ryu Karate, depois aderindo às competições de Contato Total (Full Contact) e Kick Boxing.

Era conhecido como “Muhammad Ali do Karatê”; “maior carateca da América”, “maior carateca de todos os tempos”; “pai do Kick Boxing americano”.

Foi campeão várias vezes no Karate esportivo quanto no Full Contact e Kick Boxing, na categoria peso-pesado.

Durante as competições de Karate esportivo, o jovem Lewis tinha como amigos e rivais, caratecas renomados como Thomas Carroll, Mitchell Bobrow, Frank Hargrove, Allen Steen e Skipper Mullins, Chuck Norris, Bill Wallace e Bob Wall.

No Kick Boxing, Lewis se deparava com lutadores da estirpe de Greg Baines, Ed Daniel, Ronnie Barkoot e Jesse King. Com a baixa popularidade do Kick Boxing nos EUA, Lewis se aposentou invicto ainda em 1971.

Considerado por muitos como o maior carateca de sua época, Lewis já aposentado, declarou em entrevista registrada em vídeo, que Bruce Lee foi “o maior artista marcial de todos os tempos”.

Mas nem sempre Joe Lewis teve esse reconhecimento em relação à Bruce Lee.

Joe Lewis admitiu também em entrevista, que quando foi procurado em frente à sede da revista Black Belt Magazine, Lewis o ignorou sem cerimônia, pois segundo o próprio Lewis, ele não respeitava nenhum artista marcial que medisse abaixo de 1,75m e não pesasse acima dos 75 kg. Lewis era da categoria peso-pesado, era adepto da musculação, medindo 1,83m e pesando 88 kg.

Nesta época, o “franzino” Bruce Lee (em relação a Lewis) ganhava muito mais atuando na série de TV “The Green Hornet” (1966/1967) do que Lewis nos campeonatos esportivos de Karate.

Joe Lewis só voltaria a prestar a atenção em Bruce Lee quando notou que seu amigo karateka, Mike Stone, começou a apresentar alguns movimentos diferentes no seu modo de lutar.

Quando perguntou a Stone de onde vinha aquilo, Mike respondeu que estava tendo orientação de um tal de Bruce Lee.

Bruce Lee parabenizando seu aluno, Joe Lewis, por mais
um campeonato de karate point ganho.

Joe Lewis engoliu o orgulho e procurou orientação de Bruce Lee, passando a treinar com ele de 1967 a 1969 de forma regular. Foi evidente que, a partir dos treinos com Lee, ele teve um grande progresso na sua performance durante as competições. Alguns historiadores argumentam que Lee usou principalmente a Joe Lewis para comprovar algumas concepções que alicerçavam o Jeet Kune Do.

Ciente de sua evolução como lutador, Lewis partiu para algo mais excitante, migrando para o Kick Boxing ou Full Contact, que mais tarde viria a ser o Vale Tudo ou MMA.

Bruce Lee entregando mais uma taça de campeão ao seu aluno, Joe Lewis;
e Bruce ao centro, ladeado por Ed Parker e Joe Lewis, no final da década de 1960.

A razão do rompimento da parceria entre Lee e Lewis por volta de 1970/71 se deve, conforme alguns historiadores, a um mal entendido ou uma intriga da esposa de Lewis em relação à Bruce Lee. Ela teria inventado que em algum momento, que Bruce a teria desrespeitado ou ignorado, o que foi desmentido posteriormente para a vergonha de Lewis.

Alguns afirmam que a senhora Lewis estava enciumada pela razão de seu marido passar mais tempo com Bruce em treinamento do que com ela; outros afirmam que foi puro racismo. De qualquer forma, ela queria provocar um desentendimento entre os dois.

Outros citam que Bruce Lee havia convidado Joe Lewis para participar de “The Way of The Dragon”, mas que Lewis tinha recusado por saber que seu personagem morreria numa luta mortal contra o personagem de Bruce Lee. Todos sabem que Bruce então recorreu a Chuck Norris que aceitou o convite. Mas de qualquer forma, não se sabe ao certo, já que as filmagens seriam em 1972 e o rompimento entre Lee e Lewis teria ocorrido um ano antes.

Algumas versões para a separação dos dois sugerem que Bruce e Joe concluíram que deveriam lutar para saber quem era o melhor afinal. Uns dizem que Bruce Lee venceu Lewis com facilidade, outros afirmam que Lewis teria castigado seriamente Bruce Lee.

Mas existem relatos de testemunhas oculares sobre dois confrontos que realmente aconteceram entre Bruce Lee e Joe Lewis, em meados de 1970. O que foi confirmado por dois alunos de Jeet Kune Do de Bruce Lee, da escola de Los Angeles. Ninguém menos que Herb Jackson e kareen Abdul Jabbar, aquele gigante do último andar do pagode em The Game of Death. Assim foram os relatos: 

Sparring #1 – Versão de Herb Jackson - Bruce Lee, durante um treinamento na sua escola de JKD em Los Angeles, mediava um sparring com luvas entre Joe Lewis e seu aluno Herb Jackson. Herb Jackson, tinha a mesma altura de Bruce Lee ou pouco menos, entre 1,67 e 1,70m e pesava cerca de 64 kg. Joe Lewis media 1,83 m e pesava por volta de 88 kg. Herb Jackson (1922/2007) era ainda 22 anos mais velho que Lewis.

Herb Jackson foi humilhado por Joe Lewis no sparring, mas
Bruce Lee foi à forra pelo amigo...

Depois de dominar totalmente o confronto, Lewis finaliza a luta aplicando um desnecessário golpe de palma numa orelha de Jackson, que fica artodoado.

Lewis se afasta e começa a tirar as luvas. Bruce, irritado, o interrompe e diz para ele esperar, agora seria a sua vez de experimentar Joe Lewis em sparring.

Segundo Jackson, Joe Lewis surpreso com a iniciativa de Lee em desafiá-lo, ficou totalmente perdido durante a luta, não conseguia achar Lee em nenhum momento, parecia impossível tocá-lo. Ao contrário de Lee, que o golpeava levemente sempre na cabeça e no corpo com extrema velocidade e escapava de seu alcance. Ficou perfeitamente claro ao grande campeão de karate norte-americano que ele era muito lento para Bruce Lee.

Após o sparring humilhante, Bruce teria tido ao jovem Joe Lewis que aquilo era para que ele percebesse que não tinha tudo sob o seu próprio controle e que ele não tinha todas as respostas que pensava ter. Bruce provou a Lewis que ele certamente não era imbatível, apesar do sua altura, poder e técnica.

Sparring #2 – Versão de Kareen Abdul Jabbar - Teria sido outro sparring ocorrido provavelmente na sede da escola de JKD em Los Angeles, desta vez testemunhado pelo gigante do basquete e aluno de Bruce Lee, Kareen Abdul Jabbar. Segundo ele, Bruce se movia constantemente e entrava e saía do raio de ação de Lewis com facilidade, sendo que em alguns momentos o projetava ao chão. Para Kareen, Lewis era muito lento em relação à Bruce Lee e ficou claro que não era tão poderoso como pensava.

Joe Lewis nunca confirmou estes dois confrontos com luvas, mas admitia que às vezes ele não conseguia conter a rapidez dos golpes de Bruce Lee e podia senti-los penetrando em sua guarda. Mas Lewis jamais admitiu uma derrota.

O próprio Jim Kelly (1946/2013), campeão de karate Shorin-ryu, de 1,88 m, e que participou de “Enter the Dragon” como o personagem inesquecível e carismático, Williams, admitiu que “Bruce Lee era intocável”.

Jim Kelly (05/05/1946 - 29/06/2013) – James Milton Kelly, de 1,88m, se iniciou no futebol americano, desistindo posteriormente deste esporte por questões raciais, mas se encontrando definitivamente quando começou a praticar Shorin-ryu karate. Também treinou Okinawa-te com Parker Shelton e o mestre havaiano, Gordon Doversola.

No início da década de 1970, Jim Kelly tornou-se um dos principais campeões mundiais de Karate esportivo dos EUA. Em 1971 ele ganhou quatros campeonatos de karate consecutivos na sua categoria de peso-médio, na Califórnia. Inclusive o concorrido Campeonato Internacional de Karate de Long Beach.

Com a crescente fama, Jim pode abrir seu próprio dojo e mais tarde se aventurar como ator de filmes de artes marciais. Quem não se Lembra de Black Belt Jones (Jones, o Faixa Preta) de  1974?

Jim Kelly só viria conhecer Bruce Lee em 1973, quando foi à Hong Kong para participar de Enter the Dragon, fazendo o carismático karateca “Williams”.

Muitos anos após a morte de Bruce Lee, ele participou de algumas conferências sobre o Pequeno Dragão e sobre o maior clássico das artes marciais já filmado.

Nestas conferências, Kelly declarou que tinha treinado e lutado com os melhores das artes marciais de sua época em diversos campeonatos pelos EUA, mas enfatizou que nunca tinha conhecido alguém que superasse Bruce Lee. Para Jim Kelly, ele era inacreditável.

Bruce dirigindo a luta entre Jim Kelly e Peter Archer
em Enter the Dragon.

Jim Kelly afirmou ainda que sabia que Bruce Lee tinha derrotado alguns dos nomes mais respeitados das artes marciais da América em lutas privadas, pois ele era simplesmente intocável.

Perguntado se ele poderia citar os nomes desses karatekas derrotados por Bruce Lee, Kelly respondeu que não poderia fazê-lo por respeito aos colegas lutadores.

Segundo Jim Kelly, a velocidade, o tempo e a técnica de Bruce Lee eram inacreditáveis. E não importava o tamanho ou peso do adversário, ele estaria sempre um passo à frente.

Acrescentou ainda que não fazia diferença se a disputa era só com as mãos ou com mãos e pés, ou com quem fosse, de qualquer forma Bruce Lee era surpreendente.

Kelly salientou que no final da década de 1960 ao início da década de 1970, Bruce parecia estar acima de qualquer artista marcial conhecido, inclusive dele próprio.

Kelly lembrou que assim que chegou a Hong Kong para filmar Enter the Dragon, procurou por Lee na Golden Harvest Productions, logo que pode. Os dois nunca tinham se encontrado pessoalmente, por isso Kelly ficou surpreso com a receptividade calorosa que Lee demonstrou ao avistá-lo de longe e ir em sua direção e abraçá-lo com um largo sorriso.

Ao se aproximarem durante as filmagens de Enter the Dragon,
Bruce Lee e Jim Kelly descobriram ter muita coisa em comum.

Os dois viriam a conversar bastante durante as filmagens e Kelly lembrou que ambos pareciam ter muita coisa em comum, inclusive teriam passado pelas mesmas dificuldades para se impor profissionalmente devido aos preconceitos raciais.

Bruce Lee coreografando  uma luta de Jim Kelly
em Enter the Dragon.

Muitos não sabem, mas dentre o trio de heróis de Enter the Dragon, composto por Bruce Lee, John Saxon e Jim Kelly, um iria ser morto. O escolhido por Bruce Lee seria John Saxon, pois era claro sua deficiência técnica como lutador. Bruce desejava que Jim Kelly tivesse mais visibilidade no filme devido a seu carisma e técnica diferenciada. Mas a intervenção do empresário de John Saxon impediu que assim fosse. E Williams (Jim Kelly) foi morto pelo vilão Han. Foi uma das muitas decepções de Bruce Lee durante a realização do filme. Era uma imposição da política racista de Hollywood? Ninguém soube ou quis responder.

De qualquer maneira, o público elegeu naturalmente Jim Kelly como o herói #2 de Enter the Dragon.

Jim Kelly também foi uma das testemunhas oculares do acidente durante a cena de luta entre Bruce Lee e Bob Wall. Segundo ele, ainda na primeira tomada da cena, Bob Wall teria que avançar projetando uma das garrafas quebradas com sua mão direita em direção a Lee.

Lee interceptaria o ataque com um chute ascendente circular no braço de Wall com sua perna direita, em seguida Bob Wall teria que soltar as duas garrafas ao chão assim que seu braço sentisse o impacto do chute de Lee.

Jim Kelly estava presente no acidente com as garrafas quebradas
que feriram o punho direito de Bruce Lee. Para ele, Bob Wall
foi o culpado pelo ocorrido.

Mas Bob Wall não soltou as garrafas quebradas de imediato e no movimento já previsto, Lee gira o corpo para desferir um chute com a mesma perna direita na cabeça de Wall. Mas ao executar o chute rapidamente o braço de direito de Lee acompanha o movimento de seu corpo e seu punho direito se choca com uma das garrafas ainda na mão de Bob Wall.

O momento em que Bruce Lee sofre o corte no punho direito.
Bob Wall não soltou as garrafas quebradas no tempo certo.
Jim Kelly, presente na filmagem, confirmou que o erro foi de Bob Wall.

O corte foi profundo e sangrava bastante.

Bob Wall se aproximou de Jim Kelly e perguntou se ele achava que a culpa tinha sido dele. Kelly respondeu que sim. Pois ao sentir o impacto do chute de Lee, ele deveria ter soltado as garrafas instantaneamente.

A desculpa de Wall foi surpreendente, ele disse que não soltou as garrafas porque Lee não tinha chutado forte o suficiente para isso...

Kelly respondeu que ele estava errado, pois era o combinado e Bruce não precisava chutar para valer. Precisa apenas tocá-lo para ele soltar as garrafas.

Ao perceber o estrago no seu punho, Bruce teria ficado visivelmente contrariado, se conteve porém e deu as costas para Wall, sendo amparado em busca de atendimento ao grave ferimento.

Jim Kelly lembra que aquilo tudo foi muito estranho e lembrou que Bruce Lee só retornou ao set uma semana depois.

Jim Kelly ao fundo à esquerda, durante o funeral de
Bruce Lee em Seattle.

Finalizando, Jim Kelly lembrou que apesar dos boatos que circularam sobre uma possível vingança de Bruce Lee, tudo correu bem no seu retorno às filmagens restantes com Bob Wall, apesar de alguns observarem que Bruce Lee desta vez parecia pegar mais duro...


Steve McQueen (24/03/1930 – 07/11/1980) – Terrence Sthephen McQuee, ator, de 1,77m, conhecido como “Rei do Cool” devido a sua personalidade rebelde de anti-herói, ator consagrado de filmes de ação nos anos de 1960/70 muito concorridos, dentre os quais se destacam os clássicos The Magnificent Seven (1960); The Great Scape (1963); The Sand Pebbles (1966); Nevada Smith (1966); Bullit (1968); The Getaway (1972); Pappilon (1973); The Towering Inferno (1974) e Tom Horn (1980).

A amizade entre Steve McQueen e Bruce Lee teria se iniciado por meio de um conhecido em comum, o cabeleireiro de Hollywood, Jay Sebring, responsável direto na indicação de Lee para trabalhar como Kato em The Green Hornet.

Steve McQueen era próximo de outro ator famoso, James Coburn, que se tornou uma espécie de conselheiro e amigo de Bruce Lee, além de tomar aulas particulares de Jeet Kune Do.

Foto raríssima recuperada, de meados da década de 1960, 
na qual se vê Steve McQueen, numa garagem, executando
um chute lateral contra algumas tábuas seguras por
Dan Inosanto. Bruce Lee está em  primeiro plano.

Bruce e Steve tinham uma relação complexa que incluía amizade, rivalidade e momentos tensos e hilários, mas sobretudo inesquecíveis.

Bruce admirava McQueen como ator de sucesso de filmes de ação e sua independência financeira, como respeitava sua forte personalidade, espírito e coragem para atuar, além de sua paixão por velocidade, carros e motos. McQueen por sua vez, via em Bruce Lee um jovem letal, ousado e ambicioso que tinha habilidades físicas e marciais que ele jamais imaginaria presenciar.

Bruce Lee e Steve McQueen na platéia, assistindo um daqueles
campeonatos de karate point, na Califórnia, no final dos anos 1960.

No final da década de 1970, Bruce tinha um projeto para um filme de conteúdo filosófico e artes marciais, que a princípio se intitulava, The Silent Flute. Na sua perspectiva, McQueen era o ator ideal para ser o protagonista, sendo que o próprio Lee participaria como ator coadjuvante, mas interpretando quatro personagens distintos que contracenariam com o personagem de McQueen.

Mas para a decepção de Bruce Lee, McQueen se recusou a participar de The Silent Flute, porque não queria que seu amigo usasse seu status de estrela consagrada de Hollywood para se promover. Mas a recusa de McQueen não abalou seriamente a amizade entre os dois.

Entretanto, Bruce tinha o plano B, ou seja, convidar outro ator tão famoso quanto McQueen, desta vez alguém de espírito mais zen, como James Coburn.

Mas outro desentendimento entre Lee e McQueen, marcaria profundamente o Pequeno Dragão. Bruce Lee alimentou o desejo de comprar um Porsche 911 em 1970, semelhante ao de Steve McQueen, na verdade um modelo mais antigo. Lee teria previsto para Steve McQueen: “Vou comprar um carro como o seu.”

Bruce Lee dizia apreciar as linhas aerodinâmicas e a potência do motor do Porsche.

A sinuosa Mulholland Drive, nas montanhas de Santa Mônica, em Los 
Angeles, onde Steve McQueen fez manobras endiabradas com seu
Porsche 356 Speester 1600, de 1958, para intimidar Bruce Lee.

Preocupado com a obsessão de Bruce Lee, já que ele não teria experiência suficiente para domar um carro tão potente e veloz, McQueen resolveu tirar essa ideia do amigo, pregando-lhe um susto.

McQueen então propôs a Bruce um passeio no seu Porsche 356 A Speedster 1600 Super, de 1958, pela sinuosa Mulholland drive, nas montanhas de Santa Mônica, em Los Angeles, no leste da Califórnia. A estrada era cheia de curvas e muito perigosa, com registros de muitos acidentes fatais.

Ao entrarem no Porsche, Steve perguntou a Bruce: “Está pronto, Bruce?”

Ao que Bruce respondeu, sorrindo: “Ok, vamos lá!”

Steve McQueen deu partida e pilotou seu Porsche descendo à toda pela Mulholland drive enquanto beirava perigosamente as bordas da estrada sinuosa.

McQueen observou um Bruce Lee petrificado e mudo no assento de passageiro e se continha para não sorrir daquela situação hilária.

Após alguns breves minutos de descida com Steve McQueen fazendo as mais arriscadas manobras enquanto exibia sua perícia no volante, Bruce finalmente soltou um grito desesperador ao amigo: “McQueen, seu filho da puta, eu vou te matar!!!”

McQueen aos poucos diminuiu a velocidade e Bruce se acalmou, mas prometeu que nunca mais entraria num carro com ele.

Bruce nunca chegou a comprar um Porsche. Não se sabe ao certo se pela experiência traumática com McQueen ou se simplesmente não houve tempo para isso.

Ainda assim, a amizade entre os dois amigos não estremeceu...

Steve McQueen prezava por manter sua imagem de durão e evitava demonstrar seu padecer em público, mas fez questão de segurar uma das alças do caixão de Bruce Lee, no funeral em Seattle.

Steve McQueen se curva em frente ao esquife de bronze
 de Bruce Lee, no funeral em Seattle.

Em 31 de julho de 1973, num ambiente de mais intimidade entre familiares e amigos próximos e com restrição do público, ocorre um segundo funeral de Bruce Lee, em Seattle (Washington) no Butterworth Funeral Home.  Em seguida o corpo de Bruce Lee é enterrado no cemitério de Lake View. Conduziram o seu esquife de bronze, os atores Steve McQueen e James Coburn; seus principais amigos e alunos, Taky Kimura e Dan Inosanto; seu irmão mais novo, Robert Lee; e outro amigo, Peter Chin. 


James Coburn (31/08/1928 – 18/11/2002) – James Harrison Coburn III, ator, de 1,88m, nascido em Laurel, Nebraska, EUA. James Coburn foi um dos atores mais populares e carismáticos de Hollywood. Sua simpatia e um largo sorriso eram sua marca registrada. Por ter um físico esguio e alta estatura, foi favorecido para representar muitos personagens durões na tela. Mas ele não era desconfiado, mal humorado ou explosivo como Steve McQueen, ele tinha um estilo mais preguiçoso, sedutor e bem humorado.

Tal como seu amigo Steve, ele também adorava carros velozes, chegou a colecionar Ferraris como a 250 GT Lusso, Ferrari Daytona, Ferrari 412P esportiva 1967, como também a famosa 250 SWB 1961, modelo pelo qual tinha afeição especial.

Como o amigo Steve McQueen, o ator James Coburn, outro grande
amigo de Bruce Lee, adorava carros velozes, principalmente
dos modelos Ferrari.

Dos seus inúmeros filmes de muito sucesso, podemos destacar The Magnificent Seven (1960); The Great Escape (1963); Our Man Flint (1965); In Like Flint (1966); A Reason to Live, a Reason to Die (1972); Pat Garret and Billy the Kid (1972); The Last Hard Men (1976) e Cross of Iron (1977).

Mas James Coburn só era um cara durão nas telas. Sua busca pelo autoconhecimento e evolução pessoal com ser humano o fez buscar respostas nas filosofias orientais. Coburn acreditava que para alguém querer mudar o mundo, teria primeiro que sofrer uma mudança interior e individual, para depois partir para algo maior.

Conhecendo os ideais filosóficos de Coburn, podemos entender porque ele e Bruce Lee se davam tão bem. Coburn recebia aulas privadas de Jeet Kune Do de Bruce Lee, além de ser um grande amigo e uma espécie de “irmão mais velho” e conselheiro para o Pequeno Dragão.

Foi James Coburn, movido pela sua experiência e maturidade, que aconselhou Bruce Lee a desistir de mendigar o protagonismo para Hollywood, que sempre lhe fechava as portas, o convencendo a retornar a Hong Kong em 1971 para conquistar seu próprio espaço e se tornar a maior estrela dos filmes de artes marciais de toda a Ásia.

Bruce Lee tinha feito relativo sucesso nos EUA atuando como Kato na série de TV The Green Hornet que durou uma única temporada (1966/1967); participou como coadjuvante no Filme Marlowe (1969) com James Garner e sua performance foi impactante; atuou nos 4 primeiros episódios da série de TV Longstreet (1971/1972), com James Franciscus, nos quais Bruce se sobressaiu e sua performance teve ótima repercussão no primeiro episódio. Fez algumas pontas em outras séries de TV como convidado, mas ainda era pouco para o todo aquele talento de Bruce Lee. O estrelato na terra do Tio Sam parecia distante.

Bruce estava indeciso e relutante para aceitar o papel principal na série Kung Fu para a televisão por volta de 1970 e ainda sofria com a resistência do produtores de tê-lo como protagonista, já que ele era “demasiadamente chinês” e tinha um forte sotaque oriental. Coburn lhe disse que deixasse a série Kung Fu para trás, porque previa que a série seria enfadonha pelo que se proponha no roteiro em episódios de uma hora na TV. E lhe aconselhou: “Volte para Hong Kong e faça filmes... você será uma grande estrela!”

Bruce Lee tinha um projeto para um filme de artes marciais chamado The Silent Flute com cunho filosófico em meados de 1970 e queria que Steve McQueen fosse o protagonista. Mas como o soberbo McQueen recusou, Bruce pensou de imediato em James Coburn, seu amigo filósofo.

A escolha de McQueen se deu inicialmente pelo seu espírito de competidor e vencedor, mas o mesmo não tinha uma visão sensível e filosófica da vida como Coburn. Bruce dizia que se pudesse unir em um único homem o espírito de vencedor de McQueen com a sabedoria e paz interior de Coburn, esse homem seria invencível.

De qualquer forma, Bruce Lee seguiu o conselho de James Coburn e voltou para Hong Kong. O sucesso foi instantâneo com as realizações de The Big Boss (1971); Fist of Fury (1972); e The Way of the Dragon (1972).

Justamente no ano de 1972, Bruce fica sabendo, em Hong Kong, que a série Kung Fu idealizada por ele seria lançada no mesmo ano tendo como estrela um ator inexpressivo que nada conhecia de artes marciais, chamado David Carradine.

Com o estrondoso sucesso de seus três filmes, Hollywood se rendeu a Bruce Lee e lhe ofereceu finalmente o protagonismo em Enter the Dragon (1973). James Coburn estava certo!

Bruce Lee se encontrou com James Coburn em Hong Kong e 
chegaram até viajar à Índia para procurar locações adequadas
para filmarem The Silent Flute.

Bruce tentou rever o projeto The Silent Flute em parceria com James Coburn e o roteirista Stirling Shilliphant. Ambos viajaram para a Índia para avaliar locações para a filmagem, mas não acharam o que queriam e tinham idealizado para o filme, inicialmente.

Com a morte de Bruce Lee em 20 de julho de 1973, os projetos interrompidos foram esquecidos por décadas; ainda que os produzissem posteriormente e de forma medíocre com outros atores e mudanças drásticas no roteiro, como a nova versão para o filme The Silent Flute (ou The Iron Circle), tendo novamente o ator canastrão e falso lutador, David Carradine como protagonista.

James Coburn, inconformado, no funeral de Bruce Lee
em Seattle.

James Coburn, um dos poucos amigos confiáveis de Bruce Lee, foi um dos escolhidos para carregar o esquife de bronze que guardava o corpo do Pequeno Dragão, durante o funeral em 31 de julho de 1973, na cidade de Seattle. 

Stirling Silliphant (16/01/1918 – 26/04/1996) – Roteirista, escritor e produtor norte-americano, nascido em Detroit, Michigan. Ganhador do Oscar de Melhor Roteiro para o filme In The Heat of the Night, com Sidney Poitier, em 1967. Criador das séries de TV Naked City (1958-1963), Perry Mason (1957-1966) e Route 66 (1960-1964). Foi de sua autoria os roteiros dos filmes The Poseidon Adventure (1972), com Gene Hackman; The Towering Inferno (1974), com Steve McQueen e Paul Newman; Dirty Harry – The Enforcer (1976), com Clint Eastwood; e Telefon (1977), com Charles Bronson.

Stirling Silliphant era um amigo verdadeiro e muito próximo de Bruce Lee, que era seu professor particular de artes marciais. O roteiro do filme policial Marlowe (1969), com James Garner, foi escrito por Silliphant e Bruce Lee teve uma participação brilhante no filme, interpretando um lutador da máfia chamado Winslow Wong, graças à indicação de seu amigo roteirista.

O grande amigo de Bruce Lee, Stirling Silliphant, conseguiu
arranjar um ponta para Bruce Lee em Marlowe (1969).

Silliphant também teria recomendado Bruce Lee para uma participação na série de TV Longstreet (1971-1972), com James Franciscus. O primeiro episódio de Longstreet escrito por Silliphant foi uma espécie de apresentação à concepção filosófica do Jeet Kune Do (sistema de luta criado por Lee) ao público norte-americano. O personagem de Lee chamava-se Li Tsung. A receptividade do público foi tão boa que a produção teve que convidar Bruce Lee para os três episódios seguintes. O problema é que Bruce estava chamando mais atenção do que o protagonista, James Franciscus, que interpretava um detetive cego; assim sua participação teve que ser barrada após o episódio #3.

Bruce Lee recebeu uma grande ajuda para a divulgação do 
Jeet Kune Do ao participar dos quatro primeiros episódios
da série Longstreet (1971-72), graças ao roteiro de Stirling Silliphant.

Stirling Silliphant escreveu o roteiro para A Walk in the Spring Rain (1970), com Anthony Quinn. Neste filme ele conseguiu que Bruce Lee, que estava em dificuldades financeiras, fosse contratado para que coreografasse uma sequência de luta que envolvia o personagem de Quinn.

Ao saber que o amigo Bruce Lee, estava dificuldades financeiras,
Silliphant conseguiu que ele coreografasse a luta principal em
A Walk in the Spring Rain (1970).

Um outro projeto para um longa uniu Silliphant e Lee nesta época. Tratava-se de um filme que teria um roteiro misto de filosofia e artes marciais, que a princípio se intitulava The Silent Flute, lançado posteriormente, sem Bruce Lee (já falecido), como Circle of Iron (1978), tendo como protagonista o ator canastrão, David Carradine. Originariamente The Silent Flute seria estrelado por James Coburn e Bruce Lee.

Os três amigos, Lee, Coburn e Silliphant, chegaram a viajar para Índia em busca de locações para o filme, mas não tiveram sucesso. A Índia foi escolhida porque além de ser um país exótico, a Warner Brothers tinha capital retido no país gerado pelos seus filmes exibidos por lá, mas que não foram repatriados aos EUA devido à burocracia cambial. As filmagens só seriam liberadas pelo estúdio se fossem gastos os recursos disponíveis na Índia. Mas a falta de locações adequadas para as filmagens inviabilizaram o projeto na época.

Desde criança, Stirling Silliphant foi fascinado por defesa pessoal e atraído por lutas de facas e espadas no cinema.

Isso o levou a estudar Esgrima ocidental por um período.

Quando ouviu falar de Bruce Lee por volta de 1968, decidiu conhecê-lo pessoalmente para confirmar as histórias sobre ele.

Bruce Lee, Stirling Silliphant e respectivas esposas se tornaram muito próximos
na segunda metade da década de 1960, em Los Angeles.

Silliphant tinha algum conhecimento teórico sobre as artes marciais japonesas, coreanas e chinesas, mas nunca tinha experimentado aulas práticas.

O respeitado escritor e roteirista ouviu falar sobre Bruce Lee pela primeira vez numa daquelas festas frequentadas por artistas de Hollywood, onde teria escutado histórias inacreditáveis sobre ele, uma inclusive envolvendo o lendário cantor Frank Sinatra.

Segundo o relato, Sinatra ao saber das supostas façanhas de Bruce Lee, quis conhecê-lo pessoalmente e cuidou para que ele fosse à sua suíte, num hotel de luxo em Las Vegas.

Frank Sinatra simplesmente se recusava a crer que um chinês de baixa estatura e de certa forma franzino em comparação ao padrão norte-americano, pudesse ser tão poderoso.

Frank então pediu a Bruce uma demonstração de suas habilidades ali mesmo, na sua suíte. Frank, conhecido também como “old blue eyes” e “the voice”, acreditava que qualquer lutador de rua na América poderia derrotar qualquer faixa-preta oriental, apenas pela diferença de força e tamanho.

Frank tinha crescido em um bairro pobre e perigoso de Hoboken (New Jersey) e teria presenciado muitas brigas de rua entre gangues rivais e sabia o que falava, ou pelo menos, achava.

Ao perceber os olhares descrentes de Frank Sinatra e seus dois guarda-costas presentes, Bruce Lee propôs um “jogo”. Disse que iria para fora da sala e pediu que um dos guarda-costas fechasse a porta e ficasse de prontidão do lado de dentro, impedindo que ele estrasse. O outro ficaria do outro lado da sala, parado e ereto com um cigarro na boca.

Bruce disse a Frank Sinatra que assim que passasse pelo primeiro guarda na porta, ele chutaria o cigarro na boca de seu companheiro em cinco segundos. Para Bruce, seria esse o mesmo tempo que o guarda-costas poderia levar para sacar sua arma no coldre e fosse atingido por um chute na mão que porventura segurasse a arma.

Bruce ainda observou que só por saberem de antemão o que ele faria, os dois seguranças já estariam em vantagem contra ele.

Assim que Bruce se retirou, Frank pediu aos dois homens que “pegassem levem” com ele e não o machucassem, porque ele era apenas um chinês pequeno.

Todos esperam pela entrada de Lee, quando vem um estrondo e a porta se abre com violência e voa literalmente contra o segurança derrubando-o ao chão pelo forte impacto, gerado pelo chute de Lee. Ora, eles esperavam que a porta fosse aberta de forma convencional?!?

Na sequência, em 2,5 segundos, Bruce avança contra o outro segurança paralisado no outro lado da sala e chuta o cigarro em sua boca com uma precisão assustadora.

Ao se virar para Frank Sinatra, Bruce Lee ouve algo como: “Mas que merda!!!”

A história que Silliphant ouviu sobre Bruce Lee contra os
guarda-costas de Frank Sinatra foi fantástica.  E não importava
se era verdade ou não, segundo o roteirista de Hollywood.

Silliphant não quis saber se essa história era verdadeira ou não, para ele Bruce Lee era o seu homem e a história era boa o suficiente para ele o procurar.

Assim, Silliphant ligou se apresentado para Bruce lee e lhe disse que o procurava há três meses, pois estava querendo tomar aulas privativas de defesa pessoal com ele.

Bruce não se mostrou muito interessado a princípio, disse que assistia apenas a dois alunos de forma privada e que um deles era Steve McQueen. Mas acabou cedendo ao ver que Silliphant estava disposto a pagar uma quantia alta pelas aulas.

Cobrar caro às celebridades de Hollywood era uma forma de Bruce valorizar a si próprio, seu talento e habilidade única nas artes marciais, além de assim testar a sinceridade e a vontade em aprender do futuro aluno.

Segundo Stirling Silliphant, a experiência foi inovadora e estimulante, muito além de suas expectativas. Tudo no treino que envolvia exercícios físicos, condicionamento, ou aplicações de socos e chutes, visavam o confronto direto, o corpo a corpo e a luta real.

Toda essa experiência com Lee, fez com que Silliphant se sentisse com o coração partido ao perceber que toda aquela potencialidade de Bruce Lee na época era menosprezada pela política segregadora e racista de Hollywood. Pelo simples fato dele ser de origem chinesa era o bastante para lhe fecharam as portas do estrelato.

Stirling Silliphant e Bruce Lee trocando idéias sobre o
projeto ambicioso que Bruce Lee não pôde realizar, The Silent Flute.
 

Mas Silliphant ainda acreditava que se Bruce insistisse em trabalhar numa série de TV e fosse bem sucedido, seria a ponte para que ele finalmente protagonizasse seus filmes nos EUA. Mas Bruce Lee queria algo mais imediato e por isso voltou a Hong Kong, ainda que se sujeitasse inicialmente a ganhar financeiramente abaixo de suas expectativas.

Bruce acreditava fortemente que faria sucesso na Ásia e essa vitória pessoal o faria retornar para Hollywood em triunfo. E ele provou estar certo!

Silliphant estava presente na festa de exibição e lançamento de The Big Boss em Hong Kong, em 1971 e se emocionou ao lembrar da reação do público com o novo herói das telas. Bruce Lee foi literalmente carregado pelas ruas.

Os encotnros entre  Silliphant e Lee era habituais. A amizade
e a gratidão entre os dois eram recíprocas.

Em 1973, após o término das filmagens de Enter the Dragon, o filme que lhe traria o estrelado internacional, Stirling Silliphant, James Coburn e Bruce Lee já estavam pensando em retornar com o projeto The Silent Flute. Mas, infelizmente, Bruce partiu de forma misteriosa e inesperada.

Imagens do tumultuado velório de Bruce Lee em
Hong Kong, em julho de 1973.

Stirling Silliphant foi um daqueles raros amigos fiéis e prestativos que fizeram parte da vida íntima Bruce Lee. O escritor fez tudo ao seu alcance para alavancar a carreira de seu amigo nos EUA. Bruce certamente reconhecia e tinha muita gratidão pelo apoio de Silliphant. Mas nem todos eram tão “amigos” assim, como veremos mais a seguir. 

Espero que os amigos do blog tenham apreciado essa postagem, um verdadeiro trabalho de pesquisa, após um longo período de ausência por motivos alheios à minha vontade. Mas como já mencionei, Bruce Lee é uma fonte inesgotável de discussão e aprendizagem. Aguardem a parte II, em breve, e não deixem de comentar. 

Walk On!!! 

Por Eumário J. Teixeira.