Brandon Lee (Brandon Bruce Lee) – Nascido em 1º de janeiro de 1965, na cidade de Oakland, California, EUA, era filho de Bruce Lee e Linda Lee Cadwell. O avô de Brandon, Lee Hoi-Chuen (pai de Bruce), morreu uma semana após o seu nascimento. Desde criança Brandon teve o incentivo do pai para treinar artes marciais. Infelizmente Bruce Lee faleceu em 1973 aos 32 anos (oficialmente, de edema celebral) quando Brandon estava com apenas oito anos de idade. Sob os cuidados do pai Brandon teria tudo para ser um grande artista marcial, verdadeiramente o sucessor do Rei do Kung Fu; mas não foi assim que aconteceu. Brandon cresceu sem a presença física do pai, mas dele o menino tinha muitas recordações, sem contar com os filmes e as histórias que sua mãe e amigos da família partilhavam entre si.
Bruce e Brandon numa demonstração para a TV em Hong Kong |
Surpreendentemente os interesses do jovem Brandon se voltaram mais para o teatro e a arte de interpretar do que precisamente para o Kung Fu, apesar de nunca ter conseguido se livrar do legado que, querendo ou não, Bruce Lee lhe deixou, que era a tendência natural para as artes marciais, embora nunca pretendesse ocupar ou superar o próprio pai.
Brandon e Bruce |
Brandon, aliás, detestava as inevitáveis comparações. O próprio Brandon declarou certa vez que seria impossível surgir outro Bruce Lee, já que para sê-lo alguém teria que passar pelas suas mesmas experiências. Brandon por exemplo teve uma criação totalmente diferente de seu pai, pois foi criando sob cultura e ambientes diferenciados do padrão chinês. Bruce Lee era filho de uma família tradicional de classe média chinesa, seu pai era um tradicional e respeitado ator de teatro e viciado em ópio (o que era comum entre os atores chineses renomados) tinha quatro irmãos e constantemente se envolvia em brigas de rua com deliquentes, gangs e até contra pequenos traficantes nos tempos de adolescente, correndo risco de morte real. Apesar de não lhe faltar nada, constantemente dava trabalho aos pais no que se refere à disciplina. Sua aparência de bom moço enganava a todos, pois sempre estava disposto a uma boa luta. Seus confrontos precoces o levaram desde cedo a questionar sobre as melhores técnicas para se usar efetivamente nas ruas, pois ainda jovem já duvidava de certos estilos de Kung Fu e sua eficácia em confrontos reais. E ele progrediu marcialmente dando a cara à tapa, literalmente. No caso de Brandon, as coisas não aconteceram assim sempre foi protegido e acompanhado pela mãe, familiares e amigos íntimos de Bruce, apesar ter tido alguns problemas de indisciplina na escola devido à cobranças e comparações feitas pelos colegas, e boatos sobre a morte misteriosa de seu pai. Teve apenas uma irmã (Shannon), gostava de motocicletas, música e de teatro, mas as artes marciais nunca estiveram em primeiro plano para ele, apesar de sempre praticar sem alarde. No início dos anos de 1970 a família Lee se viu obrigada a sair dos EUA para Hong Kong quando Bruce foi convidado a fazer a série de filmes que o deixaria famoso, mas após a sua morte prematura, Linda e seus filhos Brandon e Shannon retornam para os EUA.
Shannon, Linda e Brandon |
Na América, após concluir seus estudos regulares aos 18 anos em 1983, o jovem Brandon se matricula com o apoio de Linda na Escola de cinema Emerson College, em Boston, Massachussets, que deixou após um ano e meio para continuar na arte dramática cursando no Lee Straberg Theatre And Film Institute de New York. Mas Brandon retorna aos seus treinos de Kung Fu, mais precisamente o Jeet Kune Do (arte marcial criada por Lee), conciliando com seus trabalhos teatrais. Começa a treinar na academia de Dan Inosanto e Ted Wong interagindo com antigos alunos e amigos de seu pai como Richard Bustillo e Jerry Poteet. Inevitavelmente ele é pressionado por inúmeros convites para filmar e iniciar sua carreira cinematográfica. Em 1986 participou do longa para TV “Kung Fu - The Movie” (baseado na série de TV dos anos de 1970), contracenando com David Carradine; ainda em 1986, aos 21 anos fez “Legacy Of Rage” produzido em Hong Kong, onde contracena num combate com o veterano Bolo Yeung, as lutas com muito realismo foram coreografadas por Tom Blauer, praticante de Full Contact e instrutor do Ecletic Martial Arts Center de Montreal, Canadá; em 1987 participou do que seria um piloto para refilmagem da antiga série de TV “Kung Fu”, intitulada “Kung Fu: The Next Generation”, onde fez o papel de filho do monge rebelde Kwai Chang Caine (interpretado desta vez por David Darlow), personagem central na série original. Em 1990 fez Missão Resgate (Laser Mission) ao lado do consagrado Ernest Borgnine, uma produção australiana sem muita repercussão. Finalmente em 1991 co-estrelou com Dolph Lundgren o filme “Massacre no Bairro Japonês” (Showdown In Little Tokyo), onde roubou a cena, pois Lundgren nunca foi um ator e como artista marcial apesar de ser faixa prêta em Kyokushin Karatê, é totalmente inexpressivo. Brandon por mais que tentasse disfarçar não poderia negar que tinha alguns trejeitos do pai e o filme vale a pena ser visto por isso, de alguma forma ele lembrava Bruce Lee em alguns movimentos que fazia, as lutas foram coreografas por Pat Johnson, norte americano lutador veterano de Tang Soo Doo coreano. No ano seguinte Brandon é o ator principal de “Rajada de Fogo” (Rapid Fire), nesse trabalho ele estava ainda mais solto e usou visivelmente técnicas de Jeet Kune Do, sendo que boa parte das coreografias de luta foi desenvolvida com o auxílio do experiente double e amigo, Jeff Imada. Brandon esteve no Brasil em 1992 para a divulgação e lançamento de “Rapid Fire” . Tudo indicava que ele iria aos poucos se desenvolver como ator e artista marcial. Como Bruce Lee, ele tinha forte personalidade, era politizado, tinha carisma e inteligência, e sabia muito bem o que queria alcançar, era só uma questão de tempo. Então surgiu uma grande oportunidade, um projeto mais ambicioso que daria a Brandon um destaque no mundo do cinema.
Brandon caracterizado para seu personagem em O Corvo |
O filme denominado “O Corvo” (The Crow, de 1993); algum supersticioso não poderia imaginar um título mais apropriado. O personagem principal do filme, Eric Draven (Brandon Lee), é um músico de rock que é assassinado juntamente com sua namorada violentada pelos marginais. Graças ao sobrenatural e a um corvo misterioso, Draven volta da morte para se vingar da gang. As filmagens estavam indo bem com grande atuação de Brandon até que o pior aconteceu. Ele gravava uma cena em que chegava em casa com algumas compras de supermercado num saco e surpreendia a ação dos bandidos. Nesta cena Brandon teria que ser baleado no abdome mortalmente. A sacola de papel que carregava continha uma bolsa de sangue artificial que explodiria simulando o ferimento. O técnico em efeitos especiais (ausente) responsável pela munição de festim usada na arma, inexplicavelmente deixou o seu auxiliar com a responsabilidade de preparar a falsa munição e misteriosamente um projétil de verdade foi deixado no cano da arma que perfurou a sacola e atingiu os orgãos internos de Brandon, chegando a partir sua coluna vertebral causando sua morte por hemorragia interna. O filme que registrou tal cena de horror, foi destruído (dizem...); mas de qualquer forma foi mais uma vez uma morte estúpida, precoce e muito mal esclarecida tal como foi a de seu pai. Brandon faleceu em 31 de março de 1993, na Carolina do Norte, com apenas 28 anos de idade.
Os túmulos de Bruce e Brandon em Seattle |
Como fizeram em O Jogo da Morte (The Game Of Death) com Bruce Lee, o filme foi concluído com a ajuda de sósias, doublês e montagens. No remake de “O Jogo da Morte” (1978), há uma cena em que o personagem Billy Lo (que seria Bruce Lee), um ator de filmes de Kung Fu, é ferido propositalmente nas filmagens de um filme e é dado como morto; foi a profecia de uma tragédia que ocorreria em 1993. A realidade copiou a fantasia, foi mesmo assassinato, uma trágica coincidência, ou maldição? Só Deus pode responder tais questões. O lançamento do filme foi um sucesso de público, e ainda que a trágica morte de Brandon ter sido um chamariz para a promoção de “O Corvo”, ironicamente foi o melhor trabalho dele que prometia ser a mais nova sensação de Hollywood. Brandon nunca pretendeu o trono do pai, mas tinha orgulho de ser seu filho, ele apenas queria conquistar o seu próprio reino em outras esferas.
Brandon estava noivo de Eliza Hutton e se casariam em 17 de abril de 1993 no México, só que a fatalidade ocorreu duas semanas antes. Ele foi enterrado em Lakeview Cemetery em Seattle ao lado do túmulo do pai. Que Deus tenha misericórdia de Brandon e de Bruce, e abençoe Linda e Shannon.
Brandon estava noivo de Eliza Hutton e se casariam em 17 de abril de 1993 no México, só que a fatalidade ocorreu duas semanas antes. Ele foi enterrado em Lakeview Cemetery em Seattle ao lado do túmulo do pai. Que Deus tenha misericórdia de Brandon e de Bruce, e abençoe Linda e Shannon.
Link com homenagem a Brandon Lee: http://youtu.be/DszDGEFpJ8c
Por Eumário José Teixeira.
...já conhecia a história mas me emocionou relembrar ainda que com tristeza, do fim precoce de sua vida...uma pena mesmo! Ele esteve brilhante em "O Corvo", filme muito bom...
ResponderExcluirCertamente ele tinha muito talento e um brilhante futuro como ator e iria seguir sua própria trajetória independentemente da fama e "sombra" de seu pai. Sua morte precoce foi, da mesma forma, lamentável, inexplicável e suspeita. Obrigado pelo comentário, Selma.
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