sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

A MANSÃO DE BRUCE LEE FOI DEMOLIDA EM 2019



A mansão que foi de Bruce Lee em Hong Kong não existe mais - Infelizmente e para o desespero dos fãs do mundo inteiro, a mansão de dois pavimentos que pertenceu a Bruce Lee em meados dos anos de 1970, situada na 41 Cumberland Road, no bairro nobre de Kowloon na ilha de Hong Kong, foi finalmente demolida 28 de setembro de 2019, após uma década de expectativa em torno das negociações envolvendo o atual proprietário e o governo de Hong Kong, visando um melhor destino para o agora saudoso abrigo do Pequeno Dragão.

A fachada original da casa de dois pavimentos de Bruce Lee e o famoso
Mercedes Benz vermelho na garagem.

Localização pelo google map da residência de Bruce Lee em Kowloon Tong.

Apesar das apelações e intervenções de organizações e fã-clubes como o Bruce Lee Club junto ao governo de Hong Kong, nada pode ser feito para impedir que a antiga mansão viesse à baixo.
O atual dono da propriedade, Joey Lee Man-lung, vice-presidente do Fundo de Caridade Yu Pang-lin, declarou que não tinha recebido nenhuma nova proposta do governo de Hong Kong para impedir a ação, apesar do anúncio ter sido emitido duas semanas antes da derradeira demolição.

Joey Lee Man-lung, vice presidente da instituição Yu Pang-lin e o último
proprietário da casa que pertenceu ao Rei do Kung Fu.
A associação Yu Pang-lin teria a intenção inicial de transformar a casa num centro de estudos chineses para oferecer cursos de mandarim e música.
Segundo Joey Lee Man-lung, problemas estruturais haviam sido detectados no prédio em julho de 2019, que tornou inviável a manutenção da casa de dois pavimentos.
Segundo Joey, colunas temporárias foram erguidas no interior da casa para manter sua sustentação enquanto o departamento responsável por edificações do governo de Hong Kong definisse por sua manutenção ou, se não houvesse outra solução, autorizasse a demolição definitiva.
Um funcionário do Departamento de Edificação negou que tivesse recebido, na ocasião, algum pedido de demolição do prédio,  mas que de qualquer forma a casa não era classificada como um edifício histórico pelo departamento e que também não tinha recebido nenhuma proposta de conservação por parte de seu proprietário.
Consultando um especialista em edificações, Joey estimou que a reforma e reparo da propriedade de 5.699 pés quadrados custariam cerca de 20 milhões de dólares de Hong Kong
( US $ 2,5 milhões), custo semelhante e necessário para demolir e erguer outro novo.

O muro e o portão dourado originais da casa de Bruce Lee em meados de 1970 (à esquerda);
ao centro, Bruce e Brandon Lee em frente à entrada da famosa mansão; e à
direita, a fachada totalmente modificada nas últimas décadas.

À esquerda o prédio original onde morou Bruce Lee e família, de 1971 a 1973.
À direita, o prédio totalmente modificado nos anos 2000, quando foi transformado num motel barato.
Um fim indigno para o que foi o abrigo do Pequeno Dragão – A antiga mansão de Bruce Lee chegou a ser usada como um motel para encontros amorosos rápidos, pagos por hora, por volta de 2008, mas foi se deteriorando por falta de manutenção e interesse do proprietário e também pela ação  natural do tempo.
Joey Lee disse que chegou a procurar o Departamento de Desenvolvimento de Hong Kong, em meados de 2018, para cobrar uma solução definitiva do governo, ainda que fosse um plano de preservação do prédio ou mesmo de compra. A resposta teria sido negativa, não haveria no momento, nenhum plano direcionado à antiga residência de Bruce Lee.

Wong Yiu-keung, fundador do Bruce Lee Club de Hong Kong,  lutou em vão
pela preservação e restauração do prédio que um dia foi o lar do Pequeno Dragão.

Vista de cima da propriedade que um dia pertenceu à Bruce Lee,
poucos anos antes da demolição.
Wong Yiu-keung, presidente do Bruce Lee Club de Hong Kong, perguntou ao porta-voz do Departamento de Desenvolvimento, ainda em 2018, sobre a possibilidade de aproximação para negociação com o atual proprietário do prédio, que respondeu: “O governo vai explorar incentivos econômicos adequados para incentivar os proprietários a conservarem seus edifícios históricos, classificados. A forma de incentivo econômico será considerada caso a caso, considerando as circunstâncias de cada caso individualmente.”
Wong Yiu-keung era um dos defendiam a ideia de preservar a casa como um museu dedicado ao Pequeno Dragão, um “Bruce Lee Memorial Hall”, utilizado como um ponto de encontro internacional para os fãs de Bruce Lee de todo o mundo.

Bruce e Linda, por volta de 1973,  ao lado do Mercedes Benz vermelho
na área externa da residência.

Brandon e Shannon ainda crianças (de branco) saindo de sua casa e sendo
 encaminhados para o velório do pai em Hong Kong, em julho de 1973.
Apesar de ter nascido em San Francisco, na Califórnia em 27 de novembro de 1940, Bruce Lee viveu toda a sua infância e adolescência em Hong Kong e passou seus últimos três anos de vida na histórica mansão em Kowloon Tong, até sua morte inesperada em 20 julho de 1973, aos 32 anos de idade.

O desinteresse do governo de Hong Kong selou o destino da mansão de Bruce Lee - O filantropo bilionário, Yu Pang-lin, fundador da instituição de caridade que leva seu nome, comprou a casa em 1974 por cerca de 1 milhão de dólares de Hong Kong em negociação com o produtor da Golden Harvest, Raymond Chow, que também era sócio de Bruce Lee na Concord Productions. A casa posteriormente foi adaptada, com a fachada e seu interior totalmente modificados,  para se tornar um motel barato.
Posteriormente Yu chegou a pensar em vender a propriedade ainda em 2008 para arrecadar fundo para as vítimas do terremoto de Sichuan, mas devido aos protestos e pedidos de preservação e restauração da casa pelos fãs de Bruce Lee, Yu retrocedeu com a idéia.
Mas sem querer ou poder arcar com as despesas de uma obra tão complexa, Yu então ofereceu a casa como doação ao governo de Hong Kong desde que ela fosse transformada em um museu para preservar a memória de Bruce Lee. Ele apelou para que o governo facilitasse a licença para modificações no terreno e na estrutura do prédio para ser construído mais dois ou três andares no subsolo onde o museu proposto incluísse, além da mansão preservada, cinema, centro de treinamento de artes marciais, biblioteca e salão de exposições.
Mas como Yu não chegou num acordo como as autoridades responsáveis, o plano foi desfeito em 2011.

Wong Yiu-keung, presidente do Bruce Lee Club,  considera que  a demolição
 da mansão de  Bruce Lee se deu pelo descaso do governo de Hong Kong.

Flagrante de Bruce Lee chegando em frente ao portão dourado de sua mansão,
numa noite qualquer por volta de 1971 após um provável e
 cansativo dia de reuniões e filmagens.

O famoso jardim japonês em frente à casa de Bruce Lee.
O Bruce Lee Club lançou uma petição internacional em julho de 2019, no mês de aniversário da morte do Pequeno Dragão, para forçar o governo chinês a assumir o projeto de manutenção e restauração da casa que Bruce Lee carinhosamente chamava de “The Crane’s Nest”.
Wong Yiu-keung ao receber outra negativa do governo de Hong Kong, declarou: “O Governo decepcionou todos os fãs de Hong Kong e de todo o mundo. Se você me perguntar como me sinto em relação à demolição da casa de Bruce Lee, condenarei esse governo.”

Shannon Lee apoiou também o desejo popular pela restauração e preservação
da casa onde passou parte de sua infância.
Shannon Lee, filha de Bruce Lee, apoiou o desejo popular pela restauração e preservação da casa onde morou parte de sua infância concordando na transformação da propriedade num memorial em homenagem ao seu falecido pai, embora ela não pudesse participar legalmente das negociações imobiliárias. Ela chegou a postar seu anseio em rede social: “Eu queria ter a resposta positiva para preservação da casa. Talvez com o sucesso da exposição (ocorrida sobre Bruce Lee em 2011) no Museu do Patrimônio, o governo (de Hong Kong) e um indivíduo (ou empresário) com mentalidade cívica, volte a reabrir as discussões com a família. Espero que sim, pois terão todo o nosso apoio.” Mas mesmo a súplica da filha de Bruce Lee não foi ouvida.
Yu Pang-lin veio a falecer em 2015, aos 92 anos, e o destino da casa caiu então nas mãos de Joey Lee Man-lung, que foi o responsável direto pelo derradeiro destino da mansão do Pequeno Dragão, que hoje já se tornou mais uma lenda.

Imagens do início e fim dos trabalhos de demolição da casa do Pequeno Dragão.

Mais imagens do trabalho de demolição da mansão de Bruce Lee em 2019.

Graças à insensibilidade e descaso das autoridades chinesas, esse foi o
fim  lamentável da residência do ícone das artes marciais.
Uma propriedade que deveria ter sido classificada pelo governo de Hong Kong
 como edifício histórico, para a preservação e divulgação da vida
e obra de Bruce Lee, o Rei das Artes Marciais.



Confira também neste blog outra matéria sobre a histórica mansão situada na 41 Cumberland Road em Kowloon Tong e que pertenceu a Bruce Lee, no link: 
https://bruceleeinfocus.blogspot.com/2018/11/bruce-lee-e-maldicao-da-casa-de-kowloon.html

Por Eumário J. Teixeira.